sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Haicaindo na real pt.2

No reino das bolhas infinitas,
Passa lento e calmo um projétil.
Reza a lenda que é a ficha caindo..

Micropolítica


Um muro na forma do horizonte
Tão denso e alto quanto um elefante

Entre dois abismos, (o muro)
(O nada e o lugar nenhum)
Separando o quarto do mundo
Na metade entre o tu e o um).

Haicaindo na real pt. 1

O medo é o sintoma
De que ainda não somos
Completamente babacas

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Aforismo sobre o dado viciado ao infinito


Todo argumento técnico leva em consideração premissas ideológicas.

Por trás do cálculo matemático existe a crença na universalidade dos números e de seus princípios básicos.

Toda regra só existe enquanto regra pelo consenso de que ela deve ser respeitada.

Claro, MAS apesar da força da narrativa e da fé que ela envolve.. existem os fatos, que na relação com o tempo e na prova material da sua existência impera sobre qualquer teoria ou conjectura. 

A graça da ciência, portanto, é o princípio de que ela pode estar sempre errada na contraposição de um fato novo imponderado.

Em outras palavras, mesmo a teoria de que estaremos todos mortos no longo prazo é frágil diante da possibilidade de haver um homem imortal.

O devaneio, a teoria, o bom senso e a própria chamada verdade são sempre reféns do improvável.. da marginalidade do impossível.


terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Nuvem

Faminto
Como o que some
E somo ao insumo
O sono do insone

Dissimulo o que
Assimilo
Som do acumulo
De tudo que some

Semeio o somente
O resumo distante
O estar sendo ausente
A fome constante

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Terra plana


- Nada além da verdade -

Nua e crua
Muda e inteira
Sem rima ou musicalidade

- Nada além da verdade -

No mar da fantasia
Um estupro
Sem heresia

- Nada além da verdade -

Cintilante poesia
Névoa opaca
Rubra nave sombria

- Nada além da verdade -

A bala calma e breve
Atravessada e leve
A falsa valsa da saudade

- Nada além da verdade -



Empalhado

Parto a partida
Disseco o tempo
Recheado de acaso

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Bico

A boca pouca
Coube oca
No beco louco
Da tua boca

Agua e lingua
Banca louca
Bica o bico
Da minha boca



terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Estrangeiro

Só encontro em português a bibliografia dos meus sentimentos.
Na angloamerica, posso deduzir todo o meu entorno. Os gestos, acenos e a interlocução de um povo que busca a oração como um reflexo plástico daquilo que assistimos pelos monitores made in china.
Tudo isso parece funcionar muito bem. O mimetismo dos infinitos carros em sintonia. A dança robótica da freeway. Os sinais de stop plenamente respeitados por um grupo de freemen pilotando as suas respectivas Harleys personalizadas.
Nada disso parece conectado com as minhas obsessões portuguesas e meu dialeto brasileiro. Mas sigo interessado em observar e sobreviver, tal qual um pombo no meio da Central do Brasil nesse forno do inferno do verão carioca.

Insaciado

Despida em público
A pena de um pássaro não identificado
Do escuro, posso sentir os olhos atentos de um animal em toda sua natureza
Faz frio no calor de quem tem febre
Não sei se teme a morte ou mira a minha vida pra se alimentar
A fome é o único som no inóspito desatino do poema.