quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Admirável submundo novo

Andando na linha
Andando na linha do trem
Andando na linha
Andando na linha pra quem?

Nervos de ácido
Helicóptero
Pterodáctilo

Andando na linha
Andando na linha do trem
Andando na linha
Andando na linha pra quem?



domingo, 19 de janeiro de 2014

represa e prosa

de modo que as coisas mudam seu curso,
sejam elas mesmas, as circunstâncias
ou as insistências naturais daquilo que não podemos controlar.

foi assim que eu, balseiro de toda uma vida,
após uma temporada em outras águas,
retomei o velho rio que me fez.

nele, agora, acimentaram muros pra mais de metro,
e as árvores, que antes logravam os céus e faziam sombra,
já não eram mais vistas.

arrepresaram tudo. disseram que era pra fazer luz.
ora, isso é sabido.
sem a sombra do mato o que vai nos proteger da luz?



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

rock n' rolé

Tudo é um grande rolézin
You just didn't get it yet.



Insight Big Brother

Considerando todos os gênios anônimos que tive o prazer de conhecer - entre amigos, conhecidos ou virtuosos virtuais pelos blogs da vida -, posso dizer sem medo, que o sucesso é, senão uma contingência (sem negar obviamente o esforço em estar preparado para ela), um imenso jabá de merda.


suco

o tempo passa - como nunca deixou de fazê-lo -
e as inspirações se dobram à preguiça,
a disposição, aos luxos,
sucessivamente..

o de sempre estampa sua marca:
o tempo passa, e apodrece em nós.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

estrela de nêutrons

semblântico rosto
porventure-se pelo ar
instantâneo entreposto
do amante, o luar
cintilante reflexo
face espumante do mar
o escuro convexo,
o inexo léxico do olhar.

(constelada providência:
o pulsar no rastro raso
- a que sigo à incidência
bombardeada de acaso-
em cada qual, um gesto
e uma espera sem prazo
entre um rosto e o resto:
o teu sinal indecifrado)




domingo, 12 de janeiro de 2014

Abrigo

Abrigue-me em ti.
Nem que seja por tentar me lembrar.
Nem que seja por tentar me esquecer.
Nem que seja por tentar.

Abrigue-me em ti.
Nem que seja pela respiração.
Nem que seja pela falta de ar.
Nem que seja pelo coração.

Abrigue-me em ti.
Nem que tudo não faça sentido.
Nem que tudo não tenha emoção.
Nem que tudo se tenha perdido.

Abrigue-me em ti.
Nem que eu deixe de ser.
Nem que eu, fora de si,
Nem que eu seja você.



sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

The midst

Of you
In the midst
The mysterious blue
Patiently stills.
The shapeless feel
Turns the hues
In the sharpest hills
That rainbows beneath
Your teeth.
You calm bliss
Of me.



DIVAGAÇÃO

A AÇÃO sobrepõe-se à NEGAÇÃO.
O ÓCIO sobrepõe-se ao NEGÓCIO.
É através de um IMPERATIVO DIALÉTICO que a AÇÃO ganha forma transformadora.
Não se trata de uma auto-subjetivação questionadora, de uma frase ética universal, mas justamente da AÇÃO PARTICULAR EM VIAS AO UNIVERSAL.
" Algo inédito foi declarado, fora de órbita, provocando risos e suscitando o absurdo. Esse fora do lugar é a condição de universalidade. Quem a declara, instaura uma ruptura e cria um novo sujeito. O universal é laico porque está ligado ao leigo - não diz respeito à classe, é alheio ao poder e não pertence a nenhuma ordem. O ser é múltiplo e contingente justamente porque não atende a nenhuma necessidade."


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

cenário

cósmico cuspe
renasce e refaz-se
na inundação evaporada
do mistério

cava a chuva
que risca
o que corre pelas veias
em calmaria

passe
ainda que o tempo encontre
à tempo os que se perdem
em vão

cisme o vento
pois reside ao assovio
a cor que nos respira

não estaremos mais aqui
e a memória é e será sempre mais fraca que o chão.