quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Encenamentos

Se não teço por fios de atenção nossas sinas
Refrato dos postes os delizes da chuva.

Os sinais a todo tempo me dizem que
Os estranhos são sempre testemunhas do aparente
Só não me dizem quando um estranho deixa de sê-lo.

E tudo simula como o artifício dos fogos..
Aos meus olhos nada parece mais completo
Que os furtivos fingimentos de dois corpos.

Atreva-me a mostrar a verdade.
Digo-lhe que não passa de mais um
Dos vulgares modelos da arte.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Entre céu e chão

Olhos titubeiam a direção
E os meu iluminam os bordados de inocência
Tecidos no mistério que ainda a veste
Mesmo despida.

Queria um cigarro.
Queimar o ímpeto,
Tragar segredo
E baforar as palavras que parecem bonitas.

Bonito mesmo são as nuvens que raspam rostos e montanhas.
Quanto de lava e tempo para esculpí-las?
Isso sim é bonito, mais que nossos movimentos errantes.

Mas na encosta de teus reseios
Meus apelos eriçam sobre qualquer paisagem.
O resto são gestos.

Dou salvo-conduto às palavras
E te mostro como ainda existe o que salvar
Sob o calor do sol e a vertigem da subida.

sábado, 26 de dezembro de 2009

(________)

Deixe-me pra lá pra te ver de longe
Tropicalho de não parar de te olhar
Me anestesio de realidade com seus cabelos
Você me tange e de pensar vou procurar...

É, teu nome ainda não está no dicionário
E vá-la saber quando entrará...
Eu te coloco em cada falta do que dizer,
Mas não desvelo no escrever..

Comigo, eu sei.. e ninguém mais (por enquanto),
Sou poliglota só de gritar como te chamam.

Sagaz mesmo é saber do invisível.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Coroa e cara

Sabes bem,
A(o)pesar atrevo a sorte,
Confissões fissuram verdades e meias.
..engano minha boca para beijar a tua.

(Tremendo as mãos)
Finjo insegurança
E seguro ao ar qualquer olhar arrogante
Que no fundo (do mar ou do gelo talvez)
Roga o (des)interesse em ser revelado.

Dos seis do dado, prefiro os dois da moeda.
Meu mundo é objetivo como os lados de um horizonte.

E não planejo nada, além de esperar coincidências
Em aparências conhecidas.

Mas a dor nos ócios deturpa em desespero
E nem o ofício da escrita serve de tylenol aos semti(dos).

Respiro fundo ao menos, e em tempo recupero
minha filosofia.. (ufh!)

Ao tempo, cansado suspiro por mim.. (.....)

Nos mares de marina

O céu não passa de um teto colorível
E florboletas pousam em passarárvores

Dos mares de marina
Evaporam as matizes do impossível
Nos seis planos que chovem horizontes

Pelos mares de marina
Trapezistas velejam barcos flutuantes
Ancoradas naus, asas de albatrozes

Os mares de marina
São as canvas de mundos distantes
Vistos por todos castanhos telescópios

Dos mares de marina
Golfinhos pescam pessoas numa boa
E as gaivotas acenam bailarinas

Aos mares de marina
Areiam idéias dissolutas ao que voa
Enquanto as ondas molham a cartolina

Os mares de marina
Não passam de um quarto infinito
Onde o onírico é o limite do absurdo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

st ética

A estética das lágrimas evapora deixando remelas
A mesma contempla borboletas relegando mariposas

São os dias em que ela abraça todas as coisas que valem a pena.
E definitivamente hoje, essa poesia permaneceu em desprezo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

E o free jaz

Eu borro todos das outras mesas
Elucido com a cerveja o fugaz entre nós
Mas como decerto foge
Desertifico meu destino
Pertenço às dunas de mim mesmo, e só
Vão com Deus que ainda tenho que pagar a conta.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pomp and substance

I beat in beatniks
Sneakin' time and making bleed sink
Giggling ears to many sears
Rather be than only rather
Noise you in strings of nonsense
Calling fishes to fix the dishes
Music in the mud of mind
I mind you over the mind’s eye of I
Professional lazyness of doing stars from ether
I ether you
Eteranalyzing the ways of waying things
Think harder to soft reality
Stream of consciousness conjecturing screams
Jump over blues
Swallow
Tastin' yellow ones - its seems ok
Ok you, you you depart of any part
Next step: step aside
Follow the hollow
Narrow your mouth with arrows
Shoot them
Rifle your soul and skin
Standing steel
Borrowed hands
Kill the instincts and let all
All yourself
Innerselfing the worries and beautifulness
Waiting don't hoping
Pulling ropes to wonder
Wonderfew
Standing steel
Few me
Dull yourself and see the world I see
Where darkness is the brightest peace in white
Happin' the balance of being
No thing
Instead of escaping
Run the race
Race you to last
I lap you and win reaching the final position
Triggerin’ patience and countin’ to inifinity...
Tank you!

I dear, dare and mean:
Be.

As meias em meias

De meias palavras o mundo permanece descalço
Mas pisa o chão, os cacos de vidro, a grama ou mar.

Venho urgir palavras inteiras sabendo que voar é improvável
Mas é essa improbabilidade que me faz de fato caminhar.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ruanda hier

Soluços do asfalto asfixiam
E descrevo arrastando os pés na calçada
Chuviscos de lama
As gotas atordoam as formigas como meteoros
O excesso de realidade esfaqueia meus sentidos
E sangro cuspindo pelos olhos
Refresco as bochechas do acre do mundo
Não limpo o para-brisa
Prefiro assim
Quero assistir a violência com meus faróis
Sem ar-condicionado
E condiciono qualquer hipótese ao frio
Do inferno de uma segunda-feira
As sinapses não param
Nem nos sinais embaçados em vermelho

O salto pressupõe o chão

E pressuponho-te.

Continuo sendo todas as coisas,
Iludidas pela alusão do eu

Meus horoscópios abertos
Fatalizam todas possibilidades

Dissolvo-me no holismo,
Enquanto a gravidade faz mais outra vítima.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Serenata ao pé da cama

Eu violo teu corpo e dos gemidos
Arpejam as melodias desafinadas
Que concordam e incitam suar

E toco soando frusciantes on dope
Por todos lábios compenetrados.

Tragando seios perco a sobriedade
Sobre as frias gotas de sal
De nossas mãos transversas
Sob o travesseiro que aconchega
O molhar dos fios entremeados

Os cheiros traem o escuro.

- Dele, os olhares fechados ciliam
Os cinzas, que a perciana permite
Da ribalta pela noite em chuva -

E meço medo pelo tato
Estando a um palmo
De qualquer impressão.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Nerdificando

Pitagorizo estrofes pra gritar tuas hipotenusas
Platonizo tuas sombras para vê-la como é
Aristotelizo teus olhos metafísicos em alma
Hegelizo teu espírito dialetizando com o meu
Marxianizo teu sorriso revolucionando tua boca
Heideggerizo como és e desvelo ser-me
Derridarizo tua língua lhe deixando à deriva

Finjo amar-te pela estética da hermenêutica,
Mas fingir não é estar sendo?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

L'orgue de Barbarie

Fenestram os amores da senhora
Escorridos ao som do realejo...

"Ce soir, le vent qui frappe à ma porte"

Invejo o tocador e seus papéis surrados
Quero todas suas estradas
Suas lágrimas , amadas
Suas palavras teleguiadas...

"Les mots, les mots tendres qu'on murmure"

Quero que o papel não termine
Quero de cór que dê corda para sempre
Para sempre
À Armonia que arpeja os pelos
E pelo menos vai, devagar vagando devagando
...até o fim do vento..

"Se sont envolés ... pourquoi ?"

Ahab paz e amor

Meço cada imprecisão e preciso de ti
Na tormenta é o mar que teme os barcos
E o desespero mútuo nadifica o trivial

E convenhamos que grande merda é o trivial!

domingo, 29 de novembro de 2009

Terrapin (por um fio e meios)

Me acostumei com o que não sei
e Tropeço os pés uns nos outros

Vendo salvaguardas aos sentidos
e Socorro o frio do vento lateral

Qualquer direção me desaponta
e A cerveja esclarece meio-fios

Em noites de sábado terapias dos ônibus que não passam,

Enquanto os preços são pagos em angústias semanais.

("... and I mean you")

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

( Escandinave

Traduzo e verto minhas palavras em seu colo.
Versos escorrem pelo tornozelo,
E o norueguês lhe cai bem, obrigado.
Evaporam-se todas proposições quando me dissolvo,
Como perdem-se preposições quando mudo de língua.
Mas ainda assim lambo.
O norueguês é líquido que flui, e não gelo.
Entendo que não entendes e sei que não há sentido,
como não há em ter.
Até mais, vou-me à lua. )

Scandinave

Jeg oversetter mine ord og hell i fanget ditt.
Vers strømme gjennom ankelen din,
og den norske passer ham bra, takk.
Fordampe alle intensjoner da jeg smelte,
som preposisjoner går tapt når jeg bytter språk.
Men fortsatt slikke.
Det norske væske flyter, men ikke isen.
Jeg forstår at du ikke forstår og vet at det er ingen mening,
da det er i å ha.
Enda mer, jeg kommer til månen.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Valsa (des)articulada

Pernas desengonçam intenções,
Mas os braços semelham verdades.
E assim, as coxas se apaixonam
Pelos pés violentadores de dedos.

Naipes i nexos

Secreto segredos por feridas
Ferindo medos com palavras.

Virgulo frivolidades no silêncio
Suplicando certezas na voz.

Embaralho-me.

(Descarto ases e espadas
Comprando copas

Que me restam as damas
Se só as tenho em papel?

Mas no blefe de outro jogo qualquer
Aposto as fichas no teu flerte)

domingo, 22 de novembro de 2009

Preâmbulo

Vivo alegria
Para que escrevê-la?
Poemas são confissões
E se confessam pecados.

Não se preocupe:
A angústia em palavras
É só sorriso.

sábado, 21 de novembro de 2009

jethrosolo

Grito guitarras! denoto as notas que desabotoam tua pele meu pulso se confunde com o seu adrenalinam contrabaixos tiritam pratos com o eriçar de pelos e eu transverso como a flauta emito as melodias que te desintegram partituras mas a música não escreve (aaaaaaaaaaah) ela é solo que completo fazem par!

Quando todos os sinais estão vermelhos

Desperto de acordar e freio.
Esperando inimigos empresto caronas
No sol sereno de uma lua azul.

Sobre o que não ter anseio.
Flertando sinal amarelo passo marchas
O pedal implora ponto vivo.

Verde entreaberto pleiteio.
Assusto esquinas e cruzo roubando setas
Avisando solidão aos atrasados.

Avanço vermelhos, sorteio.
Conspiro com o vento quaisquer batidas
Preferindo a dele com os dedos.

4

Sujas unhas de tinta

Unhas sujas de tinta

Sujas tintas de unhas

Unhas de tintas sujas

Meu quadro enquadra uninversos
E a moldura é a parede que te engole.

sábado, 14 de novembro de 2009

Minotauro

O feio tem um lugar especial em mim.
Contemplo-o sobre humores viscerais.

Eu faço a licença poética para matar qualquer desculpa que embrulha meu estômago. E confesso,

Amo cada mulher no instante que lhes toco a face.

As verdades ecoam em labirintos,

E o inconteste sepulcro da imaginação
Queima o novelo que me levaria à saída.

A memória é seletiva e silencio temendo um grito.
(mas torço: grite!)

Desisto no soturno gesto de não mudar de direção.
Sôo como mais um escravo da liberdade
Ou um turista da minha própria vida.
A poesia é minha fonte de expiração
Deste mundo rarefeito.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

adeus, como vai?

(sem confundir hesitação com êxito digo:)
A onipotência pressupõe a inércia
-estático dou-me todas possibilidades-,
Assim, prefiro esta ao limite de seus braços.

Pluriverso

Desarticulo todas imprecisões

- Metade do não ter o faz necessário;

O filósofo é um físico frustrado,
E o poeta, frustrador por natureza,
Entalha letras que flutuam gravidades.

Repasso pra lhe contar, leitor,
Que a fome por eufemismos
Move o mundo e seus satélites,
Mas em translação, espera o choque
De dois planetas do mesmo sol.

Desfecho supernovas e
Em buracos negros selo meus destinos;

Encerro meu universo em outros versos:

Nos segundos relativos de nossa existência
Asseguro cartesianamente que a causa primeira
De todos os eventos é o amor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

(Profano a sinceridade

A fauna de teus olhares)

Destroço qualquer
Ao pé dos ouvidos.

Molhar que arrepia
E rasgo teu sopro.

Arrependo de gesto
E afago tua língua.

Mingua em sorriso
Lhe dispo o vestido.

Ensejo teu sexo.
Disponha-te em mim.

Nada me veste apenas você.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

E tudo foi feito pelo sol

Se o parto já é partida
Posso começar?

Ah! Transbordo-me, logo então,
E lhe crio:

Não escrevo. Desenho letras que só fazem sentido pra mim. Quem as lê decifra minha alma. Em cifras a vida não tem música. Em letras sou somente tinta e papel - e isso é pouco!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sísto-lhe

Como te querer se nem tenho a mim?
Sua saliva corre por veias que não são minhas.
(São de um organismo que luta para não apodrecer)

Como te dizer com sons que não são meus?
'Os átomos que vibram' Chegam turbulentos em lugar nenhum.
(São de uma atmosfera que corroem laços e aços)

Como te escrever se são palavras?
Fodam-se elas. Saiba que o impensável representa minha arte por você.

Eu só desespéro que me ligue

Nos dias mais calados
Acompanhados do nada
E quero que veja que esse corredor
Não são paralelas de cantos, lados, teto e chão,
Mas o berço do meu próprio torpor
Que engatinha desatento ao lago Razão.

E antes do senão, ver te vendo
Pelo espelho que um dia foi areia
De uma praia qualquer que em cheia
Bebeu das águas do mar Obsessão.

Olhos bem pregados, pois não?
Costura de mantos de laços de fibras
Teus músculos estão à mostra
Em preto, amarelo, em vermelho.
Instintos em tinta que já não mais são,
Vieram do inferno
Do seco deserto Percepção.

No quarto, sou quadro de outra miragem
Que olha pra si como outrem
E como os peixes dos mesmos pescadores
Da estiagem, das dunas e mares
Que areiam como eu, parte
Do que já foi montanha ou concha
Ou vento ou lava; ou sangue.

Z

Meu agouro é que tudo isto será água
Tudo em lástima e lágrima e chouro
Em repúdio de si,
Em ódio de fogo.

Sem engodo te extirpo de mim
Matando a mim mesmo.

N

Meu perfume em alma infla seus pulmões
E flui por seus capilares e veias sem encontrar
Célula compatível com sua estrutura química
O que me basta é que estou dentro de você,
E sublimo por todos os poros de seu corpo
Enquanto suas narinas recebem mais uma dose de mim.

Atesto que

Detesto.

Minha fronte não gosta
De já ver passada
Coisa já pensada

Mas pra isso aposta
Com boca calada
Copiar sem saber

Afinal de início
Aporia é o hospício
Alicio o verso
Fodendo com a métrica e esperando que isso nunca foi ou será, mas está
sendo escrito.

Desavento

Inspiração não se espera, ou morre sem ar.

Venho a ti, e se aceitas é por que quer.

Escrevo isso a mim como quem assobia no silêncio
Esperando que um ouvido qualquer saiba o tom seguinte.

Mas do éter entre a boca e a orelha,
O propósito se torna improvável,
E volto à caneta que rabisca a agenda que ninguém lerá.

Ademais,
Se leres isso, espero ao menos que sorria
Como outro alguém que se depara com a mais providencial coincidência.

Da mudez do mundo

(...)

A modernidade continua muda
De uma árvore que não cresce

Inerte da terra que tão vistosa
Não vale sequer um sertão

Modifica na mudança que grita
Muda sem mover um palmo

De moldes plásticos se (des)faz
Um feixe incapaz de alumiar

Um trompetista sem ar
Vibrando o tom que a todos toca

Metonímia do tudo então só
Imita e não vale o teu, mas será eterna.

Na praia da minha alma

Corro para o sol porque minha sombra me persegue com a lembrança da minha própria existência.

Traio-me comigo mesmo,

Não sei meus segredos, e cada hora que passa a orgia em mim me incomoda mais.
Explodo em palavras que desconheço, ferindo-me e a mim também.
Mas não morro ou mato nenhum dos meus,
Dos estilhaços se fazem novos eus que não desistem de explodir.
Sou a centelha de Pandora e meus universos têm as mesmas pretensões megalomaníacas.

A casa vazia e o jardim também

Perde-te no momento
Desnudo dormindo deitado a parede.
De repente o espanto!
A frase chegou e o sentido também
Acende um incenso
Caminho calado cheirando a asfalto
É curto o encanto
A sorte te deixa, cuidado não tem
Na cama se queixa.

Ao passo do acaso certeza provém
Pergunta infinda
Desperta malicia molesta do bem

Cansada preguiça
A resposta de que ninguem tem
A casa vazia
Abriga o universo e o nada tambem
Asfalto na rua
A chuva expressa a arte que tem
Insenso alarde!
Bendita a dúvida,.. Amém.

Professo a ignorância

Como fruto da árvore dos sentidos.

Subo nela.
De lá, o cheiro vermelho toma formas melódicas
E sinto no braço o gosto do sol de Van Gogh.
Quero uma rede ou um balanço
A brisa que timbra minhas pernas refresca meus olhos
Estes sabem que esse dia não se mede,
Escolha um canto e Se sente.