domingo, 27 de outubro de 2013

Pantera

Sintomatica
Automatica
Matematicamente

Cada vaso
Latente,
Sindrômico.

O movimento,
O fluxo-conflito
O rumo ao vazio.

A perturbação
Ausente
A contração

A pupila dilatante
A cintilante
Escuridão

Pálpebra
Álgebra
Cilada

O sono
Sonho
Finito

O medo
De perto
Solstício

Disperso
Deserto
Precipício

Desperto
Impulso
Do dia

A mulher
O cio
Que espia

A terra
Range
À espera

O tempo
É a morte
Em movimento

À pantera.



shitshiftin'

thead fake
thy ad face
shapeshifting
shitspacing
yn y'll fade
yor own fate


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Em fresta

Qual vai ser?

Qual você?
Na minha cabeça

Com direitos autorais
Com autoritários de direita

Biografando
A tatuagem nos olhos

Qual vai ser?

Simplificar
Contigo
O Congo de ti

Qual você,
Cara leitora
Impagável
Gaga ei õr ã
Im a á eu
Fanha leidor
Impagãvel

Flor.



terça-feira, 22 de outubro de 2013

Samsara

Ser, de repente, a serpente e o fruto do teu ventre, na gestação do absurdo que emula este indecente pensamento de ser: de repente, a serpente e o fruto do teu ventre, na gestação do absurdo que emula este indecente pensamento de ser: de repente, a serpente, o fruto do teu ventre e o sentimento ausente das batidas repetentes do fremente coração.. que bate.. que bate.. que bate.. que bate....


segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Tríptico do estado natural das palavras

Palavras pétreas:
Muro
Murro
Surra

Palavras líquidas:
Mulher
Igual
Olhar

Palavras voadoras
Aplauso
Valsa
Poesia



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Terremote

Da palavra sísmica do meu nome
Ondulam-se em todas as direções
Propagam-se em todos os níveis
As certezas invisíveis que te abalam
As belezas indizíveis que te embalam.




quarta-feira, 16 de outubro de 2013

"O universo dá voltas"

Considerando as variáveis desconsideradas na sua falta de consideração, o universo sideral pondera a dar voltas até que as coisas se deem como são. Do contrário, contrario toda e qualquer contradição, deixando o dito por não dito, nesta infinita repetição: a volta não perdoa - não adianta ter razão.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O brinde destruidor de planos


Essa aba que protege-te do sol
É um teto tal que não respira
Esse pé que impede-te do chão
É um reto tal que não transcende
Essa palma que cala-te o som
É um lado tal que não se vira

Entorne a face
Em um copo que me caiba
Seremos o brinde do teu porre
O espaço levitado que não morre.




Ladeira Abaixo

Desce a Sílaba Cilada
E ladra Calada Subida
A Mandala Vacilante
De uma Ida
O Estribilho Cintilante
Do teu Cílio
O Cisco Excipiente
De um Moinho
Carente Brisa Quente
No Focinho
O Perfume de Repente
A Alma de Raspão
A Surpresa Afiada
Do Rastro do Trovão
O Instante Pendurado
No Poema de uma Vida
A Calma de Resvalo
O Segundo Desvairado
De um Menino sem Saída.


Sobre o branco a ser preenchido:


O ponto condensa tudo a ser dito.

O dito condensa tudo a ser ponto.

Vive-se um tanto.

Torna-se um ponto.




quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Transplante

"O sereno está batendo. Vai ficar gripado, menino". Não param de falar do vazio que não vêem, quando não é este o problema. O menino tem órgãos transplantados noutros que não conhece. Não lhe falta nada. Sua saúde é perfeita. Mas o ilocalizável também faz parte do menino. Nada lhe falta, mesmo esquecendo muito provavelmente em algum canto os brinquedos que não lembra. Ele imagina os animais selvagens de estimação que ele teima pensar que estão sendo perseguidos. "Os animais estão bem" diriam os outros se entendessem metade do que se passa. É muito mais. São coisas e gestos, o sereno e a noite, o sol e a saudade. As contingências e o próprio tempo estão no corpo do menino, e articular tudo isso, seria uma forma de ignorância. Ele não saberia e sequer poderia explicar, se não fosse através de uma história. Através de um plano ou de um pano de crochê - que ele pudesse apoiar as têmporas e sentir seus bordados na espera de um almoço que perfuma o ar. Mas ele fazia tudo isso, e todos continuavam sem compreendê-lo. Até que um belo dia, o menino deixou de ser menino, e de repente o mundo passou a entendê-lo. Chamaram-no de célebre, o homem que já não entendia o próprio menino..