sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

crônica de três linhas

Aberto. Um portal aberto. Dois senhores de expressões fortes discutem no meio-fio. Um deles coça a barba, o outro apara a sobrancelha. Estão debaixo de uma amendoeira. E ouvem os estalos dos frutos que caem. Um rapaz atravessa de bicicleta. Senil. O futuro é senil.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

título

Da cadeia de significados
que sequestraram no pescoço
o signo me deram nome
André'
E o ego
Um gole que virou meu'
Mas era de tudo
Como também o é
Achar que colocaram
Quando ao signo também tomaram
Qual bandeira
Viram retas fronteiras funções
Mas
André' é todo que não sou
E também o contrário
Como escrever com a língua
O grito na ponta do lápis
A sede é a água sendo o eu'

visão noturna

Numa espiral, o teu sexo anal.

E numa manha de manhã, assistir a montanha
refletir a nuvem e a muda nudez que vem
cruzando o corredor
numa mentira de tirar o chapéu
o céu, o seu e o breu
das persianas
oceanas da urca


eu penso nos drones
e sonho com mulheres de burca

eu penso em você
por baixo do véu
e por entre homens-bomba
florescer o amor a primeira vista
de um robô do céu
ou talvez na sombra de um edredon
martirizar a multidão de mim
no som
do seu
breu.











Em perfil

Eu conjuro um olhar que me revele
E no entre-espaço do soslaio
Uma leve brisa me relê
Num verso deste ensaio
No processo de um embalo
Velar um mantra que valha
Feito navalha esmiuçar
Um bisturi pra te abrir
E me encaixar, e me nutrir
Em teu umbigo me prender
Me retroalimentar do teu almoço
E me rever, e me reter
No cisco que te chorar
No pó que te espirrar
No cansaço e no aço de um bocejo
No sal da lágrima
No sol na grama, no pisar
No segredo que espiar
No cigarro que tragar
Eu quero ser
O câncer
E a redenção.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Soneto mutilado

Sinuosas nuvens se insinuam no relâmpago
Os trovões são prantos no atraso do colapso
O ruído vaga triste: da superfície ao âmago
O contemplo nu no movimento do espaço


Os dentes trincam e se arrastam pelo asfalto
A tatuagem se projeta no absurdo deste rastro
Uma salva de vidas na mão espalmada da noite
O presente rubro de ouvir o velho zunido da foice


Na noite de estrelas cadentes
O silvo agudo e indecente
da verdade que não rima.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

esce pe


no teclado sem acento
a senscura senscual
no quadro abstrato
o trasco de tres pascaros num fio eletrico
a corrente passa
no insight de um blunt
sao paulo [e grande
de r's e r's e r's
teus r's e r's e r's
deus r's e r's
premedios
as capsulas vazias dos antideprescivos
capsulas de gelatina
deosco de boi
de pele de boi
gelatina de boi
de oi
capsula antivazia dos depresccivos
exante
ecsanti
sao paulo ~e grande
e[ anti


sábado, 2 de fevereiro de 2013

decantação

você já não sabe até onde ela vai.
se ela não faz parte do seu mundo.
se ela é só inteiro o seu próprio mundo.
se é o mundo ela e o inteiro.
e de repente você não sabe de mais nada.
até que o nada onde ela vai.
é o inteiro do mundo seu.
e o seu é dela um mundo.
que você não sabe.
que é inteiro.
que parte.
e é.


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O meio


A holocausa comum

oxigenize-se

De um.



(Até bater a onda do nirvana escovando os dentes)



o

aquiescer
scer aqui
o ê
entre eu
e você