quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Alcatéia

Vamos abrir espaço. Abram-se as alas! Para trás! Para trás!!

Entre
O azul - o cinza que se finge de céu -
Eu, que me esfinjo que sou
que finge que seu.

Limpado o terreno, tenho o lugar para fundar meu palácio
Com a pedra angular do fracasso
E o aço das montanhas-russas

D'os olhos ruivos,
Minha Lua nova, que sempre morena
E o uivo do lobo - lobotomia

Que tudo rui... que tudo ruiva.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O sábio e os néscios

A virtude de ler o próprio tempo. O carácter do sábio. Que vive sóbrio nos sobrados oblíquos do morro. Feito um monge que sustenta sua ascese além do barulho dos carros. Além da urbe dos analfabetos da época. Dos que levam a vida no assobio. Dos sublimes vagabundos, que vivem o tempo, na flor da pele.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

De óbulos nos olhos

Canso.

E este mar que não mata minha sede,
mas descansa meu espírito.

Penso.

E estes olhos que me matam de prazer,
e que dispensam minha sorte.

Durmo.

O azar me contempla,
E eu o contemplo de volta.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O óbito

Uma tragédia.
Morrera tropeçando na escada helicoidal do próprio DNA.
Deixando de herança ao primogênito um acidente surpresa aos quarenta,
E a filha mais nova, a afinidade por drogas e uma coletânea de esquizofrenias.

sábado, 10 de setembro de 2011

Holo-

No princípio era o precipício
Preciso
Em sua totalidade

Abriu-se, então, um precedente

E numa cadeia infinita de acidentes

A essência do que era
Permaneceu indômita.

Porque se todo tempo é presente,
A memória é a força motriz do que são
_____________as coisas

O precipício se fragmentou
Nos infinitos pedaços fantásticos
Que somos.

Eu sou a voz do precipício
E tu, os ouvidos.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Paralaxe (ou Os Foguetes de Artíficio)

No lusco-fusco,
olhares desavisados ao céu
minguam como a lua.

A angústia do novo século que nasce
Brota da finitude da Terra
E o salto intransponível do éter que a envolve.

Na mesma altura da aurora que miro,
a utopia perturba trêmula como a miragem
horizontesca de um deserto.
Movo-me.

Mas para onde ir,
quando ao nadir
o horizonte é apenas o Passado incalculável
dos anos-luz de nossos ancestrais?