quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

transfigurado

me interfaço silhuetas
até que a tua forma
se disfarce em conteúdo
até que a tua essência
se revele borboleta
sobre a casca pedregosa do casulo
sobre a prisão das palavras que emulo
com a presunção
presumida de um palhaço
no grand-finale da tragédia:
o descompasso.

mas não tarda o tempo
quando a vida se modela em movimento
e por teus traços o contínuo sentimento -
o desarranjo é uma forma de poesia
para quem em alento transfigure a agonia.


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A beleza

A beleza é um conceito perverso
A beleza é linda.
A beleza é uma leveza lânguida.
A beleza é uma pena quebrada pairando.
A beleza é uma prece impresciente do sentir.
A beleza é a reza imaculada dos pecadores.
A beleza é a destreza do objeto.
A beleza é o mais sincero olhar do mentiroso.
A beleza é o vulgar sob o véu.
A beleza é uma metáfora inconclusiva.
A beleza é a lama da Samarco.
A beleza é água do rio Doce antes de Heráclito.
A beleza é a hérnia de disco do Parmênides.
A beleza é um sofisma da Natureza.
A beleza é um iceberg desmoronando sobre o mar.
A beleza é um contrato social com o instinto.
A beleza é a luz de uma estrela desfalecida.
A beleza é o tempo paralisado pelo instante.


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

semiose's vol.1

A lama da Samarco
é linda.

sábado, 21 de novembro de 2015

os auto-conselhos vol.2

a coincidência é o acaso brincando de sintonia.

o ritmo é um intervalo consciente.

um homem só precisa de alimento e música pra viver.

a ausência é dar-se conta do desencontro.

nada é irreparável, ainda que nada possa se tornar o que já foi.


domingo, 8 de novembro de 2015

os auto-conselhos vol.1

todo caminho é uma encruzilhada inconsciente.

e pra se pisar na grama, somente de pés descalços.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Camuflagem

Pássaro
Breve

Voe
Leve

Feito
Pluma

Feito
Puma

Que te espera
Sob a Neve.



quarta-feira, 15 de abril de 2015

cadeia

emcada
verdade
dádiva

em
cadafalso
forca

cadarço
àtua
lágrima

cadente
àtua
boca.





segunda-feira, 6 de abril de 2015

periférico

esfera-lua
à absoluta escuridão

de luz
absorta de nada

aluna circunscrita
no tudo

como simula o pernoitar
a amada

como se o seio enluarado
da estrada

fosse a abóboda vista
da estrela

e na curva contínua
o seu cume

mira o nadir despido
de embuste

posto que o vento seja
brisa

tudo é cataclismo
em ti.



sexta-feira, 27 de março de 2015

pos içã o

de dentro da rua
- as veias expostas dessa cidade

tudo soa como uma qu3stão de posicionamento

a geometria dos dedos ao rosto

uma crase que falta

ou uma falta que não deixa de ser

estando em outro lugar

os dentes postos nos lábios 

e a sua pressão milimétrica

como a sexta-feira é um lugar no tempo

após ao meio dia, o fractal perfeito da nuvem que anuncia

a causa é um efeito na posição trocada

a chuva é uma parte de sol

e como o esquecimento não deixa de ser a memória dissolvida

eu lembro através de você que não há lugar errado 

ou estaríamos todos perdidos.


terça-feira, 10 de março de 2015

Da janela

Realça deserto
Que te lança
Da tua trança
Me desperto
O sentimento
Do teu seio
Me refrato
Nos mil beijos
Que flutuam
No penhasco
Dos teus olhos

Mas me alcança
Antes que distante
Pelo dizer, o aroma
De um instante
E cintila na ribalta
Que te espera
E me acalma
Feito as gotas
Que se encontram
E deslizam suicidas
na janela.