quinta-feira, 31 de agosto de 2017

(P)léxica

Saliva seiva
Vulva
Que revolve

O esmegma
E o magma
O sintagma

Magnética
Gramática
Bruta

A matéria
Etérea
Da palavra

Que lavra
A lava
Feito o vento

A pedra
Oblíqua em
Sedimento

A porta
Movediça
Do tormento

O tempo
Gravitante
Do sentido

Craveja
O peito
De sintaxe

A árvore
O corte
O sulco

A seiva
Salivante
Vulva

Envolta
Volúpia
Lancinante

A febre
Liquefeita
Do instinto

Sob a tinta
Sublime
Subversa

O ocaso
A sombra
A escuridão.




segunda-feira, 28 de agosto de 2017

T (pt.2)

Bolha estrutura
Na esquina do desejo
O letreiro demodé
Néon, um gás nobre
Num gueto sujo,
Estroboscópico
Arabesco indecifrável
Cintilada mistéria noite
Um clipe interminável
Do eclipse
Um ponto de vista
No canto da boca
A língua eu
Menino soldado
Em ti
Os olhos insondáveis
Em ti
Que existe
Enquanto
Espuma
E silêncio
E língua sobre
Língua
Sobretudo

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Proesma

A celeuma teima Variante do sentir Carne e sede Derivados em um mesmo Dissonante dialeto
Que não diz Mas que se faz entender
Pelos poros defeitos Da pele e pelos
Tons irradiantes Dos pés na areia E o frio sublinhado Em fumaça Um cano de descarga Que leva contigo Toda sorte de azares Destinados pelo acaso E sua sempre irremediável Falta de noção Diante da óbvia ubíqua lei desta terra de ninguém

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Até qual

Até qual ponto
A revolta não é a única saída possível?
Até que ponto a coragem não é a verdadeira ilusão quixotesca?
Até qual ponto podemos pedir pra descer?
Até qual ponto seremos obrigados a sair?
Até qual ponto se perde os dedos?
Até quando entregaremos os pontos?

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Zamioculca

O flerte aflito
Em flor
E na outra,
Toda uma floresta

Insaciáveis dedos
Deflorando-se
À uma certa
sombra violeta

{Os homens são inúteis
Marionetes
Traumas
De matizes violentas
Da mulher}


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

T

O quando em mim
Que te eterniza
O terno sentimento
Do despudor
E um molhar
Secreto
Sobre o corpo
O nexo e o torpe
Infiltrado no concreto
Do teu sexo

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Poema fechado

Todo novo um velho
Concatenado
Todo um ovo morre
Quando quebrado
Todo morto nasce
Determinado
Todo acaso um caso
Potencializado
Todo alcance a chance
Do inesperado

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Carta para LFF

O néctar triste

O fim é o único amigo
Disse Jim na obra inaugural

O desespero potência inesperada

Ainda que o final seja o normal

A gota d'água
O copo vazio
A pupila dilatando
E toda memória evadindo seu sentido
Pra se juntar a matéria bruta
Que corta o abraço e esfria o que nos move

Tudo sinto num pote
Uma mensagem numa garrafa:
Analfabeto universo,
Eu te amo
Com toda capacidade destrutiva do inútil
Do inesperado e do insólito
Do insondável e do dissenso

Espero incrédulo
Que as falsas promessas te recebam
Tal qual esta que criei pra te enviar
Um beijo e um eu te amo silencioso
Com cheiro do mais estridente grito no éter

/E o mais banal de tudo
É que isso é apenas um acordo estético
De mim comigo mesmo
Um solilóquio
Um simples bilhete ególatra pra me olhar de outro ponto em outra época
Com um certo surto necessário de me expor
Ou traduzir o pigarro em linguagem

Mas no fundo mesmo
Desse buraco mais embaixo
Eu sinto você
Mesmo numa certa consciência boçal de que você dorme e não sabe o que de fato de espera/

Você leva muito de mim à porta do vazio
Como me fez orgulhoso de tua coragem
Em chegar até ali
Ou em se dar conta que sou uma
Das infinitas conseqüências de você

Não posso te oferecer
Nada se não o tríptico total
Do eu te amo
E sei de alguma forma que me ouve
Pelo amor firme que atravessa toda força.