sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Poema em céu azul

Enquanto as nuvens desmoronam
Na esquina do horizonte
Te encontro menina

Na hora marcada do infinito
O atraso de uma vida
E um poema enfeitado de escombros.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Náusea

Tenho singrado o sagrado

Sangrado, é verdade

Um sangue túmido
Coagulado

Do lado de cá
Ao lado de lá


Eu sangro

Eu sigo singrando

Esse mar de sangue
Esse meu sangue de mar

Que sangra diante o sagrado
Que singra o sagrado nas veias

De velas içadas em meu sagrado mar.

Eu sigo o signo torpe da palavra

Numa ressaca de você.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Elegia móvel

Como o tempo, como eu e o vento
Se move em direção a falta
E quando ao fim, a incompletude salta
Sem a força do movimento

Tal qual o ontem é uma miragem movediça,
Não se sente a premissa da viagem
Mas o céu indiferente da partida

Como o vento não curva e o tempo não volta
Eu te amo com a irreversível culpa
De não saber quem fui
De não saber quem sou

Em não saber quando
é que a aurora ensaia o ocaso

E caso falte de dizer o contrário,
Os versos e a vida tem fim
Ainda que não acabem