domingo, 29 de novembro de 2009

Terrapin (por um fio e meios)

Me acostumei com o que não sei
e Tropeço os pés uns nos outros

Vendo salvaguardas aos sentidos
e Socorro o frio do vento lateral

Qualquer direção me desaponta
e A cerveja esclarece meio-fios

Em noites de sábado terapias dos ônibus que não passam,

Enquanto os preços são pagos em angústias semanais.

("... and I mean you")

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

( Escandinave

Traduzo e verto minhas palavras em seu colo.
Versos escorrem pelo tornozelo,
E o norueguês lhe cai bem, obrigado.
Evaporam-se todas proposições quando me dissolvo,
Como perdem-se preposições quando mudo de língua.
Mas ainda assim lambo.
O norueguês é líquido que flui, e não gelo.
Entendo que não entendes e sei que não há sentido,
como não há em ter.
Até mais, vou-me à lua. )

Scandinave

Jeg oversetter mine ord og hell i fanget ditt.
Vers strømme gjennom ankelen din,
og den norske passer ham bra, takk.
Fordampe alle intensjoner da jeg smelte,
som preposisjoner går tapt når jeg bytter språk.
Men fortsatt slikke.
Det norske væske flyter, men ikke isen.
Jeg forstår at du ikke forstår og vet at det er ingen mening,
da det er i å ha.
Enda mer, jeg kommer til månen.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Valsa (des)articulada

Pernas desengonçam intenções,
Mas os braços semelham verdades.
E assim, as coxas se apaixonam
Pelos pés violentadores de dedos.

Naipes i nexos

Secreto segredos por feridas
Ferindo medos com palavras.

Virgulo frivolidades no silêncio
Suplicando certezas na voz.

Embaralho-me.

(Descarto ases e espadas
Comprando copas

Que me restam as damas
Se só as tenho em papel?

Mas no blefe de outro jogo qualquer
Aposto as fichas no teu flerte)

domingo, 22 de novembro de 2009

Preâmbulo

Vivo alegria
Para que escrevê-la?
Poemas são confissões
E se confessam pecados.

Não se preocupe:
A angústia em palavras
É só sorriso.

sábado, 21 de novembro de 2009

jethrosolo

Grito guitarras! denoto as notas que desabotoam tua pele meu pulso se confunde com o seu adrenalinam contrabaixos tiritam pratos com o eriçar de pelos e eu transverso como a flauta emito as melodias que te desintegram partituras mas a música não escreve (aaaaaaaaaaah) ela é solo que completo fazem par!

Quando todos os sinais estão vermelhos

Desperto de acordar e freio.
Esperando inimigos empresto caronas
No sol sereno de uma lua azul.

Sobre o que não ter anseio.
Flertando sinal amarelo passo marchas
O pedal implora ponto vivo.

Verde entreaberto pleiteio.
Assusto esquinas e cruzo roubando setas
Avisando solidão aos atrasados.

Avanço vermelhos, sorteio.
Conspiro com o vento quaisquer batidas
Preferindo a dele com os dedos.

4

Sujas unhas de tinta

Unhas sujas de tinta

Sujas tintas de unhas

Unhas de tintas sujas

Meu quadro enquadra uninversos
E a moldura é a parede que te engole.

sábado, 14 de novembro de 2009

Minotauro

O feio tem um lugar especial em mim.
Contemplo-o sobre humores viscerais.

Eu faço a licença poética para matar qualquer desculpa que embrulha meu estômago. E confesso,

Amo cada mulher no instante que lhes toco a face.

As verdades ecoam em labirintos,

E o inconteste sepulcro da imaginação
Queima o novelo que me levaria à saída.

A memória é seletiva e silencio temendo um grito.
(mas torço: grite!)

Desisto no soturno gesto de não mudar de direção.
Sôo como mais um escravo da liberdade
Ou um turista da minha própria vida.
A poesia é minha fonte de expiração
Deste mundo rarefeito.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

adeus, como vai?

(sem confundir hesitação com êxito digo:)
A onipotência pressupõe a inércia
-estático dou-me todas possibilidades-,
Assim, prefiro esta ao limite de seus braços.

Pluriverso

Desarticulo todas imprecisões

- Metade do não ter o faz necessário;

O filósofo é um físico frustrado,
E o poeta, frustrador por natureza,
Entalha letras que flutuam gravidades.

Repasso pra lhe contar, leitor,
Que a fome por eufemismos
Move o mundo e seus satélites,
Mas em translação, espera o choque
De dois planetas do mesmo sol.

Desfecho supernovas e
Em buracos negros selo meus destinos;

Encerro meu universo em outros versos:

Nos segundos relativos de nossa existência
Asseguro cartesianamente que a causa primeira
De todos os eventos é o amor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

(Profano a sinceridade

A fauna de teus olhares)

Destroço qualquer
Ao pé dos ouvidos.

Molhar que arrepia
E rasgo teu sopro.

Arrependo de gesto
E afago tua língua.

Mingua em sorriso
Lhe dispo o vestido.

Ensejo teu sexo.
Disponha-te em mim.

Nada me veste apenas você.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

E tudo foi feito pelo sol

Se o parto já é partida
Posso começar?

Ah! Transbordo-me, logo então,
E lhe crio:

Não escrevo. Desenho letras que só fazem sentido pra mim. Quem as lê decifra minha alma. Em cifras a vida não tem música. Em letras sou somente tinta e papel - e isso é pouco!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sísto-lhe

Como te querer se nem tenho a mim?
Sua saliva corre por veias que não são minhas.
(São de um organismo que luta para não apodrecer)

Como te dizer com sons que não são meus?
'Os átomos que vibram' Chegam turbulentos em lugar nenhum.
(São de uma atmosfera que corroem laços e aços)

Como te escrever se são palavras?
Fodam-se elas. Saiba que o impensável representa minha arte por você.

Eu só desespéro que me ligue

Nos dias mais calados
Acompanhados do nada
E quero que veja que esse corredor
Não são paralelas de cantos, lados, teto e chão,
Mas o berço do meu próprio torpor
Que engatinha desatento ao lago Razão.

E antes do senão, ver te vendo
Pelo espelho que um dia foi areia
De uma praia qualquer que em cheia
Bebeu das águas do mar Obsessão.

Olhos bem pregados, pois não?
Costura de mantos de laços de fibras
Teus músculos estão à mostra
Em preto, amarelo, em vermelho.
Instintos em tinta que já não mais são,
Vieram do inferno
Do seco deserto Percepção.

No quarto, sou quadro de outra miragem
Que olha pra si como outrem
E como os peixes dos mesmos pescadores
Da estiagem, das dunas e mares
Que areiam como eu, parte
Do que já foi montanha ou concha
Ou vento ou lava; ou sangue.

Z

Meu agouro é que tudo isto será água
Tudo em lástima e lágrima e chouro
Em repúdio de si,
Em ódio de fogo.

Sem engodo te extirpo de mim
Matando a mim mesmo.

N

Meu perfume em alma infla seus pulmões
E flui por seus capilares e veias sem encontrar
Célula compatível com sua estrutura química
O que me basta é que estou dentro de você,
E sublimo por todos os poros de seu corpo
Enquanto suas narinas recebem mais uma dose de mim.

Atesto que

Detesto.

Minha fronte não gosta
De já ver passada
Coisa já pensada

Mas pra isso aposta
Com boca calada
Copiar sem saber

Afinal de início
Aporia é o hospício
Alicio o verso
Fodendo com a métrica e esperando que isso nunca foi ou será, mas está
sendo escrito.

Desavento

Inspiração não se espera, ou morre sem ar.

Venho a ti, e se aceitas é por que quer.

Escrevo isso a mim como quem assobia no silêncio
Esperando que um ouvido qualquer saiba o tom seguinte.

Mas do éter entre a boca e a orelha,
O propósito se torna improvável,
E volto à caneta que rabisca a agenda que ninguém lerá.

Ademais,
Se leres isso, espero ao menos que sorria
Como outro alguém que se depara com a mais providencial coincidência.

Da mudez do mundo

(...)

A modernidade continua muda
De uma árvore que não cresce

Inerte da terra que tão vistosa
Não vale sequer um sertão

Modifica na mudança que grita
Muda sem mover um palmo

De moldes plásticos se (des)faz
Um feixe incapaz de alumiar

Um trompetista sem ar
Vibrando o tom que a todos toca

Metonímia do tudo então só
Imita e não vale o teu, mas será eterna.

Na praia da minha alma

Corro para o sol porque minha sombra me persegue com a lembrança da minha própria existência.

Traio-me comigo mesmo,

Não sei meus segredos, e cada hora que passa a orgia em mim me incomoda mais.
Explodo em palavras que desconheço, ferindo-me e a mim também.
Mas não morro ou mato nenhum dos meus,
Dos estilhaços se fazem novos eus que não desistem de explodir.
Sou a centelha de Pandora e meus universos têm as mesmas pretensões megalomaníacas.

A casa vazia e o jardim também

Perde-te no momento
Desnudo dormindo deitado a parede.
De repente o espanto!
A frase chegou e o sentido também
Acende um incenso
Caminho calado cheirando a asfalto
É curto o encanto
A sorte te deixa, cuidado não tem
Na cama se queixa.

Ao passo do acaso certeza provém
Pergunta infinda
Desperta malicia molesta do bem

Cansada preguiça
A resposta de que ninguem tem
A casa vazia
Abriga o universo e o nada tambem
Asfalto na rua
A chuva expressa a arte que tem
Insenso alarde!
Bendita a dúvida,.. Amém.

Professo a ignorância

Como fruto da árvore dos sentidos.

Subo nela.
De lá, o cheiro vermelho toma formas melódicas
E sinto no braço o gosto do sol de Van Gogh.
Quero uma rede ou um balanço
A brisa que timbra minhas pernas refresca meus olhos
Estes sabem que esse dia não se mede,
Escolha um canto e Se sente.