terça-feira, 27 de março de 2018

Poema deformado

Surjo
Sujo
Ao relento

Desatento
Ao desatino

Eu tento
Exercito
o constante

Faço do quase
Um dever indevido
Vacilante

Sou devoto
Do conflito
E confundo

O raso
Com profundo

Comprovo
O cedo
Com o atraso

E refaço
O todo
Dos pedaços

E atropelo
O tropeço
Numa dança

E quando
Me canso

Repouso
Na forma
Da queda

Eu pauso
E reformo
A revolução

E deformo
O defeito
Em perfeito

Preservo
Sem reservas
Ou direção

No formol
Da palavra
Eu sirvo

E verso
E sorvo

A vida
Repleta
De falta
Completa

O tudo
Parcial

Ao modo
Do todo
Eu semeio

Seguro
De si
Sou um furo

Na roda
No asfalto
Ou no morro

Renasço

Na forma
De um ponto
Eu destroço

Um final
Decomposto
Em potência

Um início
Deposto
Ao fatal
















quinta-feira, 15 de março de 2018

Blue(s) dot

Coragem
Predicador de mil balas
As veias do dedo que atira
Latejam palavras em sacos pretos
O sangue
Na forma da voz
Diluída em chuva sem fim
Num pedaço quase esquecido da terra
Aquele tecido  consciente do universo
Onde tecem o inexorável
Com a agulha da violência

domingo, 11 de março de 2018

Estrofe atrofica

A cadencia acalmada dos palpites no peito
Vibra postulante o acaso do porvir
O harmonico ritmo dos encontros
Jaz livre como sempre jazz:
Caia no real antes que ele caia em você



quarta-feira, 7 de março de 2018

Água mole

O desastre tem seu manual. E o passo-a-passo de como te destruir da forma mais precisa possível. Comece pelo desejo, passe pelas entranhas e termine pelo fio da navalha. Uma cirurgia do avesso. E quando tudo começar de novo, se prepare. A dor é só o detalhe que te lembra da recorrência. A sempre igual sobremesa, te obrigarão a provar mais uma vez. Em camera lenta, o espanto é uma forma de esquecimento. Eu deixo o pão na geladeira pra apodrescer aos poucos.


sexta-feira, 2 de março de 2018

Turbulento

Céu da cor de camelo
Relâmpagos
Propósitos e destinos
Sonhos em gaiolas de Faraday
Inócuos a sobrevivência da paisagem.