quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Objetos Invisíveis Não Identificados

O frio dorme debaixo das unhas. Dizem que passam jacarés e carros por essa estrada. A cidade é ciclotímica. E à noite, o circo fecha pra balanço. Palhaços fazem marketing, trapezistas, logística, e os domadores, recursos humanos. Você bem sabe, que o espetáculo se agigantou. O círculo de fogo abriga à todos e os precedentes monumentais deste século XXII, ainda que o dia permaneça fazendo 24 horas. Temos que ser racionais. Usar a emoção com inteligência. Angariar fundos. Se afundar neste pragmatismo. O tempo é dinheiro, e passar o segundo contando os vinténs é o que tem de ser feito. O jacaré atravessa a rua. E os carros se jogam nos pântanos. Me chafurdo no absurdo de pensar... Como pode? Os carros não voam, e os cavalos estão extintos. Que tempos vivemos? Onde vivem os tempos? O espelho nos diz muito.. o espelho cintila todos os sentidos, e o jacaré continua na contra-mão, com sangue frio pra esquentar sob um sol que só chega amanhã.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Correnteza

Esta chuva lateral suspende
A tendência inconsequente
À você
Posto que no plano torto
Em que subscreve essa vontade
O ruido leve do chuvisco no asfalto
Os contrapontos
De ainda sermos coplanares
À distância do que eram
Olhos-linhas-do-horizonte.


O tempo amansa a violência. O corpo exausta de cansaço. E toda essa ferrugem metálica que range, passa a ter uma cadência fluida, feito um velho balanço à merce do vento. Nossos desejos já não condizem com o corpo que nos traja. Mas este espasmo da palavra é o que faz tudo convergir, como se o encontro entre as gotas do orvalho de uma noite fria, transbordasse um rio irreversível. É bom rever a tua boca, mesmo que seca da intimidade do nosso sexo. Eu a assisto, como que não querendo ouvir a conversa fiada de semi-conhecidos que dela sai. Eu a contemplo, e você percebe. O rio para. Somos estranhos que atravessam sua superfície congelada, enquanto seu âmago corre imperceptível por debaixo dos nossos pés.




quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Relógico e o ponto a ser batido

"Colaboradores,..."
o maldito enunciado
Desse auto-falante.

O dia D
Em sua Europa tomada de projetos
O aríete em prontidão
Se infiltra em cada lugar
Que o teu corpo não ousa.

Esse garfo afiado
Espeta a carne apodrecida da máquina.
A faca separa. E o relógio orgânico apita a hora do almoço.

O cansaço vira onda enquanto trinca.

E tudo fica bom na miragem do descanso. Tu pega o elevador pro subsolo. É possível ouvir a estridência do atrito atravessando os andares.

O restaurante aberto. O ponteiro corta. O ponteiro marca.

"Boa, tarde. Vocês servem gaivota? Eu quero uma gaivota grelhada mal passada, por favor. Obrigado"



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Isca

Essa liberdade
Tem um gancho dentro dela
Que só se sabe
Quem a come por inteira.
Que só cabe
Aos que se jogam da janela.





quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sarin

Aviões rasgam o céu
E as torres se desmancham com o tempo
Abu Ghraib do Atacama
Ilocalizável movimento
Ao qual lembramos
Monumentalmente
Nas memórias seletivas do corpo social
Esta história que nos aflige de orgulho e remorso
E que se despe todo dia aos tambores da guerra
Que rufam e marcam
A hora do almoço e da desgraça
de vencer tendo perdido
Uma ideia ou um inimigo
No sono calmo de um inverno de sol
O calor das chamas de Aleppo
E o despertador que te lembra a não sonhar
Que os gritos silenciosos são uma questão de tempo
Até se propagarem ao travesseiro
Até reverberarem à tua porta
Até numa corrente de vento
Não haver quem possa te ouvir
Porque a poeira ainda paira na sala que não ousam entrar.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

undrafted stream

there's some minspirations
that reveals faces out of nowhere
and by wich every very being
gets beated by their beat
and a bit of this makes the step
go further for another mislead
that we recall remind and rewind
may every may be the month of your choice
and regardlessly everyone got a belly button
and so a mom and a moon and a bottom to recall remind and rewind
let it blow as you're a past fragmented piece
of something bigger already blown
let it blow like a loop
let it bloom.




domingo, 8 de setembro de 2013

Subverso Epígrafe

Em meu quarto, me arrefece um oceano de tubarões inexoráveis
E à deriva, permaneço flutuante às profundezas
No nadir abissal deste eixo,
O medo primal.

Hoje, a exaustão te salva do cansaço de viver.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Ruído

Onde cabe este ruído
Eu fico
E tenho sido assim
Itinerante e rente
Ao silvo uníssono
Deste ruído
Ao qual pertenço apurando
Esta estridência
Lenta e constante
Este ruído
Que é denso e vibrante
Este ruído
Este suspiro distante
Este ruído
Este silêncio fremente
Este ruído
Que é o sonho gigante
Do teu ouvido.


terça-feira, 3 de setembro de 2013

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o mais bizarro é que eu sempre volto aqui pra ver se tu escreveu algo novo.. eu acho o poema foda  e quando olho a data eu vejo que o poema é realmente foda pq de alguma forma, eu acho que todo poema que eu já li, é um novo poema.. obrigado por me fazer experimentar o alzheimer antes dos 30..

drummonstro


maldito poeta
que não tem cara
maldita careta
debaixo da cara
maldita careca
que tempo não cala
maldito profeta
que nada fala
maldita gaveta
de tuas taras
maldita a boceta
que te embala