quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Corrida ( parte II : o trocador )
Ele segurava a catraca, já no final das contas. Dizia ele que era o preço da mais-valia, e que seu senso de justiça falava mais alto. E quando só cabiam os desconsolados no ônibus, os solitários de alma e de noite, ele ascendia de seu trono e nivelava-se com os súditos tornando-se passageiro de si mesmo. Vislumbrava a fumaça do mundo com o cigarro. Em troca, o mundo e a solitude das madrugadas semamais via ele passando. Mas todo dia valia a pena pela corrida final. A madrugada era o berço de seus sonhos, que nem mesmo a noite mais ofegante de um verão carioca, ou a mais emperrada das janelas, conseguia apagar. E então, ele apagava em lástima o cigarro no ponto final. Ironicamente tinha que pegar um ônibus pra ir pra casa.
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