segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Correnteza

Esta chuva lateral suspende
A tendência inconsequente
À você
Posto que no plano torto
Em que subscreve essa vontade
O ruido leve do chuvisco no asfalto
Os contrapontos
De ainda sermos coplanares
À distância do que eram
Olhos-linhas-do-horizonte.


O tempo amansa a violência. O corpo exausta de cansaço. E toda essa ferrugem metálica que range, passa a ter uma cadência fluida, feito um velho balanço à merce do vento. Nossos desejos já não condizem com o corpo que nos traja. Mas este espasmo da palavra é o que faz tudo convergir, como se o encontro entre as gotas do orvalho de uma noite fria, transbordasse um rio irreversível. É bom rever a tua boca, mesmo que seca da intimidade do nosso sexo. Eu a assisto, como que não querendo ouvir a conversa fiada de semi-conhecidos que dela sai. Eu a contemplo, e você percebe. O rio para. Somos estranhos que atravessam sua superfície congelada, enquanto seu âmago corre imperceptível por debaixo dos nossos pés.




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