Eu sonhei com um engarrafamento de proporções colossais. Um engarrafamento em que os tanques de gasolina se esgotavam antes do próximo posto. Sequer haviam postos de gasolina por perto, pois nada pode estar perto da inércia absoluta de um engarrafamento daquelas proporções. Os ambulantes oportunistas eram todos milionários. Não restava mais nada a não ser o indulgente medo de sair do carro. Ao longo da serpente prateada de automóveis imóveis, um só organismo paralítico, que retroalimentava sua própria condição. Um engarrafamento sem porquê, com todas as razões que levaram-no a existir, o fluxo total em um único sentido em uma única direção. Acordei aliviado na profusão de uma calçada fria, os carros buzinam e minhas muletas são onipotentes.
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