Cada frase tem seus vincos vazios
As idéias são ligas de fragmentos substituíveis
Sou autóctone ao arquipelago inabitavel que me define
Maldita a primeira palavra,
Um esboço murmurado
Do progenitor talvez- o diminutivo
Que feito pecado natural
Me usurpou a liberdade, o grito
O choro selvagem.
Desde então, a linguagem apodreceu-me.
Meu semblante pueril amadureceu
Curtido no vitelo amargo da realidade
Resta-me o protesto,
- e o que mais haveria de restar?
Na disposição insular das coisas
Escritas - e de que outra forma poderiam ser?
Os anos se arrastam com a morosidade nauseante
Do dia, que se põe e nasce, sacralmente sem cansar.
Mas se hei de morrer, que seja em protesto
Que seja sobretudo por sobre a língua-morta
Que a erosão e o vento apaguem cada talhe letrado da lápide
E meu epitáfio se torne então liso como a tábula do tempo
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