Florescem fétidos poros
Da racha fresca do asfalto
A candura brota do corpo
Da gruta escura do olho
A gota
A gota
A gota
A gota
Estalagmite
O choro sem limite
E o molde infiltrado no breu
De quantas lágrimas se faz o eu?
Com quanta terra se destila o céu?
sábado, 26 de maio de 2012
na glote
Você, descrente de mim
Os deuses descrentes de mim
Se danam
Engasgados com a minha existência
Atravessada
No rabo de olho
Que abana com deleite
Venha,
Deite.
Você,
Tu
que alucina
O vício dos meus passos
Que cintila o aço
Que farfalha a grama
Que eu piso
Que eu amasso
Que pesa uma
um tanto quanto
A outra você
Você novamente
Encruzilhada
No cruzar dessas pernas
A cruzada
Você novamente
E o feixe de sol
Você, amarrotada de mim
Você, descrente de mim...
Os deuses descrentes de mim
Se danam
Engasgados com a minha existência
Atravessada
No rabo de olho
Que abana com deleite
Venha,
Deite.
Você,
Tu
que alucina
O vício dos meus passos
Que cintila o aço
Que farfalha a grama
Que eu piso
Que eu amasso
Que pesa uma
um tanto quanto
A outra você
Você novamente
Encruzilhada
No cruzar dessas pernas
A cruzada
Você novamente
E o feixe de sol
Você, amarrotada de mim
Você, descrente de mim...
terça-feira, 22 de maio de 2012
Epitáfio
Cada frase tem seus vincos vazios
As idéias são ligas de fragmentos substituíveis
Sou autóctone ao arquipelago inabitavel que me define
Maldita a primeira palavra,
Um esboço murmurado
Do progenitor talvez- o diminutivo
Que feito pecado natural
Me usurpou a liberdade, o grito
O choro selvagem.
Desde então, a linguagem apodreceu-me.
Meu semblante pueril amadureceu
Curtido no vitelo amargo da realidade
Resta-me o protesto,
- e o que mais haveria de restar?
Na disposição insular das coisas
Escritas - e de que outra forma poderiam ser?
Os anos se arrastam com a morosidade nauseante
Do dia, que se põe e nasce, sacralmente sem cansar.
Mas se hei de morrer, que seja em protesto
Que seja sobretudo por sobre a língua-morta
Que a erosão e o vento apaguem cada talhe letrado da lápide
E meu epitáfio se torne então liso como a tábula do tempo
As idéias são ligas de fragmentos substituíveis
Sou autóctone ao arquipelago inabitavel que me define
Maldita a primeira palavra,
Um esboço murmurado
Do progenitor talvez- o diminutivo
Que feito pecado natural
Me usurpou a liberdade, o grito
O choro selvagem.
Desde então, a linguagem apodreceu-me.
Meu semblante pueril amadureceu
Curtido no vitelo amargo da realidade
Resta-me o protesto,
- e o que mais haveria de restar?
Na disposição insular das coisas
Escritas - e de que outra forma poderiam ser?
Os anos se arrastam com a morosidade nauseante
Do dia, que se põe e nasce, sacralmente sem cansar.
Mas se hei de morrer, que seja em protesto
Que seja sobretudo por sobre a língua-morta
Que a erosão e o vento apaguem cada talhe letrado da lápide
E meu epitáfio se torne então liso como a tábula do tempo
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Projeção (ou Bala Perdida)
Não quando mas onde
Não onde mas é
Não sendo se foi.
Encontro-me
Quando os mais oblíquos sentidos
Atravessam-me.
Verso
Onde do avesso a lua transcreve o sol
Disperso.
De perto,
Sendo o reflexo repentino como um tiro,
Perdi-me.
terça-feira, 1 de maio de 2012
Antologia do preciso (de improviso)
A poesia precisa
A poesia precisa ser esclarecida
Ungida de luz
Mesmo
Mesmo que a inspiração
Mesmo que a inspiração tenha olhos fechados
Mesmo que a inspiração
Venha a esmo
No semblante da mulher amada
E mesmo que o semblante
Já não seja
A poesia deve ainda vir
Mesmo que a esmo
A inspiração venha ainda sim
No semblante amante da mulher
E mesmo que o ensejo seja assombro
Que venha com vontade
Que venha com devir
A poesia deve ir
Ainda que ilegal ou imoral
A poesia criminosa
Tem o direito de permanecer falada
Até que se dispa de ausência
E venha nua
Atravessando o corredor
No disparate da rua
Seja tomada aos tragos
A poesia precisa
Na medida certa to brilho
Bambar no meio-fio
Ao silvo imóvel dos carros
A poesia precisa
Incumbar-se de poema
Um poema dócil
Mas latente de demônios
Feito o flerte intermitente
Da calada amante noite
Na espera programada do sol
Precisamente então
A palavra inflamada de desejo
Pousará as asas sobre o mundo
O teu poema preciso
A erupção do teu ciso
E toda a solar solidão
Finalmente clara como o Este
A poesia te pegará no colo
Sussurando a rima indecifrável
Até o ermo do sentido
Com toda a imperfeição
De que é preciso
Trair-se com o improviso.
A poesia precisa ser esclarecida
Ungida de luz
Mesmo
Mesmo que a inspiração
Mesmo que a inspiração tenha olhos fechados
Mesmo que a inspiração
Venha a esmo
No semblante da mulher amada
E mesmo que o semblante
Já não seja
A poesia deve ainda vir
Mesmo que a esmo
A inspiração venha ainda sim
No semblante amante da mulher
E mesmo que o ensejo seja assombro
Que venha com vontade
Que venha com devir
A poesia deve ir
Ainda que ilegal ou imoral
A poesia criminosa
Tem o direito de permanecer falada
Até que se dispa de ausência
E venha nua
Atravessando o corredor
No disparate da rua
Seja tomada aos tragos
A poesia precisa
Na medida certa to brilho
Bambar no meio-fio
Ao silvo imóvel dos carros
A poesia precisa
Incumbar-se de poema
Um poema dócil
Mas latente de demônios
Feito o flerte intermitente
Da calada amante noite
Na espera programada do sol
Precisamente então
A palavra inflamada de desejo
Pousará as asas sobre o mundo
O teu poema preciso
A erupção do teu ciso
E toda a solar solidão
Finalmente clara como o Este
A poesia te pegará no colo
Sussurando a rima indecifrável
Até o ermo do sentido
Com toda a imperfeição
De que é preciso
Trair-se com o improviso.
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