quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Corrida ( parte I: o passageiro )
Com uma pressa irremediável ele entrou no táxi. Pediu ao motorista ofegante que seguisse o horizonte. E assim o fez sem perguntar. Aquela já era sem qualquer comparação a corrida mais longa que o taxista fizera em sua vida. De olhar obsessivo e inquieto, o passageiro era calado. Coçando a alva barba fitava o caminho com uma atenção maior que a do motorista. Quando não sobrou mais gasolina, número que coubesse no taxímetro ou paciência ao piloto, este parou e disparou que não poderia mais seguir. Disse que era noite e que necessitava repousar. Dando-lhe a quantia ordenada, o passageiro saltou do carro, e do jeito que estava continuou seguindo a estrada enquanto o táxi pegava o primeiro retorno. Em passos largos, era a terceira vez que ele passava por aquela esquina como por tantas outras que havia passado. O mundo se repetia, mas o mundo só é redondo para os fracos. E ele permanecia convicto de que estava indo pra casa.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Dos dançarinos do escuro
- Sai dessa, não existe luz nenhuma no fim do túnel. Vê se aprende a dançar no escuro.
sábado, 25 de dezembro de 2010
Fajro
A gravidade fiel ao magma
Conduz-nos ao âmago da terra
O homem olhando as estrelas
Chamam o chão de inferno
E o impossível de céu.
Blasfêmia!
Eu abraço o chão.
A montanha é o monumento
Da Guerra de todas as guerras
Do Fogo contra o Frio,
Do Ódio contra a Obediência,
Do Amor contra a Morte,
Da Vida contra o Nada.
O plácido e o imparcial são para os fracos
E meu coração pulsa vermelho
Indolente.
Sou filho de Hades!
Na intermitência do Sol
E do centro da Terra
De uma estrela e outra
Sobra a farsa
O frio, o vazio, a mentira!
Febril me desnaturo no teu cruzar de pernas
E me enlouqueço no verão do teu ventre.
Derreto-me.
Sou a ebulição de mim mesmo
Fulminante como a cor dos teus lábios
E a paixão do teu sangue.
Eu sou a lava que corre pelas suas veias.
O calefar das lágrimas.
Eu pulso no limite da força
O nascimento constante.
Eu sou a sífilis.
Filho do fogo e amante da loucura.
A explosão, a luz e o som.
A liberdade indomável
E o orgasmo de uma nova mulher.
Eu sou a cólera, a criação e o caos.
Conduz-nos ao âmago da terra
O homem olhando as estrelas
Chamam o chão de inferno
E o impossível de céu.
Blasfêmia!
Eu abraço o chão.
A montanha é o monumento
Da Guerra de todas as guerras
Do Fogo contra o Frio,
Do Ódio contra a Obediência,
Do Amor contra a Morte,
Da Vida contra o Nada.
O plácido e o imparcial são para os fracos
E meu coração pulsa vermelho
Indolente.
Sou filho de Hades!
Na intermitência do Sol
E do centro da Terra
De uma estrela e outra
Sobra a farsa
O frio, o vazio, a mentira!
Febril me desnaturo no teu cruzar de pernas
E me enlouqueço no verão do teu ventre.
Derreto-me.
Sou a ebulição de mim mesmo
Fulminante como a cor dos teus lábios
E a paixão do teu sangue.
Eu sou a lava que corre pelas suas veias.
O calefar das lágrimas.
Eu pulso no limite da força
O nascimento constante.
Eu sou a sífilis.
Filho do fogo e amante da loucura.
A explosão, a luz e o som.
A liberdade indomável
E o orgasmo de uma nova mulher.
Eu sou a cólera, a criação e o caos.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Seiva e raiz
Hei de plantar teus lábios
Irrigarei o solo dos sonhos com suor
E no lapso do tempo
Ver emergir o botão da tua boca
E as tuas coxas feito caule
Frágeis e perfeitas
Nos invernos o orvalho de lágrimas
E o sereno das noites de verão
Os beijos
Te colherei sempre
Com o afinco que te cuidei
Nunca para amputar-te
Mas pra lembrar-me do polém
E da certeza de que um dia já me bastou uma flor
Ao jardim inteiro.
Irrigarei o solo dos sonhos com suor
E no lapso do tempo
Ver emergir o botão da tua boca
E as tuas coxas feito caule
Frágeis e perfeitas
Nos invernos o orvalho de lágrimas
E o sereno das noites de verão
Os beijos
Te colherei sempre
Com o afinco que te cuidei
Nunca para amputar-te
Mas pra lembrar-me do polém
E da certeza de que um dia já me bastou uma flor
Ao jardim inteiro.
domingo, 12 de dezembro de 2010
Espectro, eco e eclipse.
Quem sou eu?!... Quem sou eu?!... Quem sou eu!?!...
(Dianto dos ouvidos, o eco)
(Diante dos olhos, o eclipse)
(Diante da boca, a epifania)
(E diante de si:)
A luz é um disfarce do breu.
(Dianto dos ouvidos, o eco)
(Diante dos olhos, o eclipse)
(Diante da boca, a epifania)
(E diante de si:)
A luz é um disfarce do breu.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
O abismo e a borboleta azul
Ante a tudo que tive
(O descabimento de nós dois
Coube o mundo em nossas mãos)
Ante a tudo que vi
(Eu contemplava o precipício
Com a certeza de quem voa)
Ante a tudo que fui
(Era um porém dois
E dois no limite do infinito)
Sou o deorama da música sem fim
Que pendura a memória
Como o olho a lágrima.
Não quero e não posso ser
Senão a tua falta.
(O descabimento de nós dois
Coube o mundo em nossas mãos)
Ante a tudo que vi
(Eu contemplava o precipício
Com a certeza de quem voa)
Ante a tudo que fui
(Era um porém dois
E dois no limite do infinito)
Sou o deorama da música sem fim
Que pendura a memória
Como o olho a lágrima.
Não quero e não posso ser
Senão a tua falta.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
O oitavo selo
Depois do mártir e da morte, Deus veio como a pedra. E ela disse para o viajante que a vida para os homens é o estado perfeito da teimosia. O viajante era ouvidos. E ele ouviu que as pedras eram a vida em concordância com o Universo, e que os homens lutam pra sobreviver, que acreditam tolamente na existência de um estado além do de viver, que não se pode "sobre-viver". Viver já é. E a pedra, sendo, disse ao viajante que eles tinham um ancestral comum, que o firmamento era a existência, e que tudo existia. Depois de sete revelações e da comunhão com o infinito, o viajante abraçou a pedra. E a pedra chorou.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Meta-
Olhar sobre olhar
Falar sobre falar
Dançar sobre dançar
Flertar sobre flertar
[Você verbaliza o silêncio com os olhos
Mas não há metalinguagem que resista
Quando eu meto minha língua em você
E tu suspiras a linguagem da natureza]
Um orgasmo sobre o outro
Eu
sobre
você.
Falar sobre falar
Dançar sobre dançar
Flertar sobre flertar
[Você verbaliza o silêncio com os olhos
Mas não há metalinguagem que resista
Quando eu meto minha língua em você
E tu suspiras a linguagem da natureza]
Um orgasmo sobre o outro
Eu
sobre
você.
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