quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Carta para LFF

O néctar triste

O fim é o único amigo
Disse Jim na obra inaugural

O desespero potência inesperada

Ainda que o final seja o normal

A gota d'água
O copo vazio
A pupila dilatando
E toda memória evadindo seu sentido
Pra se juntar a matéria bruta
Que corta o abraço e esfria o que nos move

Tudo sinto num pote
Uma mensagem numa garrafa:
Analfabeto universo,
Eu te amo
Com toda capacidade destrutiva do inútil
Do inesperado e do insólito
Do insondável e do dissenso

Espero incrédulo
Que as falsas promessas te recebam
Tal qual esta que criei pra te enviar
Um beijo e um eu te amo silencioso
Com cheiro do mais estridente grito no éter

/E o mais banal de tudo
É que isso é apenas um acordo estético
De mim comigo mesmo
Um solilóquio
Um simples bilhete ególatra pra me olhar de outro ponto em outra época
Com um certo surto necessário de me expor
Ou traduzir o pigarro em linguagem

Mas no fundo mesmo
Desse buraco mais embaixo
Eu sinto você
Mesmo numa certa consciência boçal de que você dorme e não sabe o que de fato de espera/

Você leva muito de mim à porta do vazio
Como me fez orgulhoso de tua coragem
Em chegar até ali
Ou em se dar conta que sou uma
Das infinitas conseqüências de você

Não posso te oferecer
Nada se não o tríptico total
Do eu te amo
E sei de alguma forma que me ouve
Pelo amor firme que atravessa toda força.

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