quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Guilhotina
Neste mundo dos iguais, eu transcrevo tuas pernas como a epígrafe da revolução. O pornografismo dos teus joelhos e a abertura articulada das panturrilhas e coxas. Eu poderia sentir com os dedos, o cheiro do perfume-suor. O tornozelo e a fragilidade suspensa da concavidade dos teus pés. Na ribanceira de tuas curvas, eu posso ver um rio, sereno como o predador a espreita da presa. O rio que limpa e afoga. O rio do batismo e do mistério. E no horizonte dos teus seios, a boca túrbida se comprime entre os dentes. A multidão te observa no fundo da escuridão de um piscar de olhos. E no arrebate do teu gozo atômico, eu me sinto o mundo. Eu me torno o pulso do universo. Um soluço de morte. O tempo dérmico. O teu púbis no púlpito da tradição. Gozemos todos, o rei morreu.
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