domingo, 30 de setembro de 2012
Perfume
O gondoleiro estava indisposto. Dizia que havia tomado todas na noite anterior. E era cedo. A mulher, pela primeira vez naquela cidade tão particular, vislumbrava cada pedra. No verão quente mediterrâneo, a cada ponte, uma saudosa lembrança fetal de acolhimento à sombra. Lembrei subitamente do amor passado com o cheiro de merda que singrava com o barco. A especificidade do lugar não me era incomum - estive ali antes. (minha memória olfativa é mais tenaz do que a dos outros sentidos). E não fazia sentido, aquela cidade ser a mais romântica das cidades do Ocidente. Lembrei que pensava "a cidade inteira deve despejar seus dejetos n'água". E pensei novamente que talvez fizesse sentido todo aquele romantismo. Afinal, amar é sobretudo a intimidade dividida. Os humores, os fluídos corporais.. pensei no aumento do nível do mar.. e a beijei cinematograficamente.
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