domingo, 28 de março de 2010

Suspiros

Minha realidade foi inventada por fantasmas
E mordendo as mordaças do mundo
Escrevo -

[Corto meu tendões com a caneta
O sangue escorre em tinta
E minha vida dura um virar de páginas]

Escrever é o escarro da alma
Cadavérica, apodrecida de espectros

E enquanto as mãos deles envolvem meu coração
Meus átrios, artérias, veias e capilares congelam um a um
Até me terem petrificado por completo
De dentro para fora

De fora para dentro
O banho gelado me assombra o simulacro de existir no escuro
O escuro dos fantasmas que não cansam de socar meu estômago

Na completude dos espaços
Em suspiro asfixiado
Sou só, angústia.

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