segunda-feira, 28 de agosto de 2017

T (pt.2)

Bolha estrutura
Na esquina do desejo
O letreiro demodé
Néon, um gás nobre
Num gueto sujo,
Estroboscópico
Arabesco indecifrável
Cintilada mistéria noite
Um clipe interminável
Do eclipse
Um ponto de vista
No canto da boca
A língua eu
Menino soldado
Em ti
Os olhos insondáveis
Em ti
Que existe
Enquanto
Espuma
E silêncio
E língua sobre
Língua
Sobretudo

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Proesma

A celeuma teima Variante do sentir Carne e sede Derivados em um mesmo Dissonante dialeto
Que não diz Mas que se faz entender
Pelos poros defeitos Da pele e pelos
Tons irradiantes Dos pés na areia E o frio sublinhado Em fumaça Um cano de descarga Que leva contigo Toda sorte de azares Destinados pelo acaso E sua sempre irremediável Falta de noção Diante da óbvia ubíqua lei desta terra de ninguém

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Até qual

Até qual ponto
A revolta não é a única saída possível?
Até que ponto a coragem não é a verdadeira ilusão quixotesca?
Até qual ponto podemos pedir pra descer?
Até qual ponto seremos obrigados a sair?
Até qual ponto se perde os dedos?
Até quando entregaremos os pontos?

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Zamioculca

O flerte aflito
Em flor
E na outra,
Toda uma floresta

Insaciáveis dedos
Deflorando-se
À uma certa
sombra violeta

{Os homens são inúteis
Marionetes
Traumas
De matizes violentas
Da mulher}


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

T

O quando em mim
Que te eterniza
O terno sentimento
Do despudor
E um molhar
Secreto
Sobre o corpo
O nexo e o torpe
Infiltrado no concreto
Do teu sexo

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Poema fechado

Todo novo um velho
Concatenado
Todo um ovo morre
Quando quebrado
Todo morto nasce
Determinado
Todo acaso um caso
Potencializado
Todo alcance a chance
Do inesperado

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Carta para LFF

O néctar triste

O fim é o único amigo
Disse Jim na obra inaugural

O desespero potência inesperada

Ainda que o final seja o normal

A gota d'água
O copo vazio
A pupila dilatando
E toda memória evadindo seu sentido
Pra se juntar a matéria bruta
Que corta o abraço e esfria o que nos move

Tudo sinto num pote
Uma mensagem numa garrafa:
Analfabeto universo,
Eu te amo
Com toda capacidade destrutiva do inútil
Do inesperado e do insólito
Do insondável e do dissenso

Espero incrédulo
Que as falsas promessas te recebam
Tal qual esta que criei pra te enviar
Um beijo e um eu te amo silencioso
Com cheiro do mais estridente grito no éter

/E o mais banal de tudo
É que isso é apenas um acordo estético
De mim comigo mesmo
Um solilóquio
Um simples bilhete ególatra pra me olhar de outro ponto em outra época
Com um certo surto necessário de me expor
Ou traduzir o pigarro em linguagem

Mas no fundo mesmo
Desse buraco mais embaixo
Eu sinto você
Mesmo numa certa consciência boçal de que você dorme e não sabe o que de fato de espera/

Você leva muito de mim à porta do vazio
Como me fez orgulhoso de tua coragem
Em chegar até ali
Ou em se dar conta que sou uma
Das infinitas conseqüências de você

Não posso te oferecer
Nada se não o tríptico total
Do eu te amo
E sei de alguma forma que me ouve
Pelo amor firme que atravessa toda força.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Gota


Eu
Fronteira consciente
Neste anonimo que caminha por essa cidade desabitada pela noite
Dizem que seus moradores evadem-se deste lugar até que a escuridão desapareça
Os postes que serviriam para iluminar
Esclarecem no amarelo acre a turbidez do escuro
Este que sou eu
Tal qual o frio
De repente para e olha para cima
Esta mulher na janela
Tão só e tão cobre que reflete a cidade pelos olhos
Ele decide gritar que a ama
Mesmo sem tê-la conhecido
Como que pudesse evitar a certeza eminente do pior
Ela o amou por um instante
E só

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Nauta

Portugues nao e uma lingua
Tampouco o dono da padaria
Mas quem nasce no porto

E quem nele nasce, o portugues,
Faz da lingua o dialeto
Que lambe os sonhos do padeiro
Portugues

《《Naufrago
Nautilo
O porto à deriva
Sob a via lactea na contramao》

Bombordo
Ao zenite

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Canibal

Experimento-corpo
Língua
Lodo
Pelo
Unha
Sangue
Cimento
Cio
Menta
Mental

Mascar
A máscara que nos faz corpo
Até a epítome do gozo

domingo, 9 de julho de 2017

Gran finale

O jovem em questão morrera em um acidente.
"Os malabaris o decapitaram" disse o delegado.
E, logo após o episódio, muitos passantes atiravam moedas e ovacionaram o cadáver, achando se tratar do gran finale de seu número.

S

Sou     imundo
Sou o mundo
Sou o mudo
Sôo mudo
Somo
Som
S

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Encapsulável

A expectativa do molde
E o espectro casual que arreversa

Cabe entre os espaços
O silêncio

Como cabe o nada

Como cabe o anti
Na matéria

E como cabe o imponderável
Na lógica

Queima ao céus de estrelas
O inflamável balão

E a combustão nos alimenta
No frio inverno

E o calor de uma palavra morta
Sai dos meus dedos

Pra te queimar por dentro
Num tempo quente de um verão vindouro

E me arremeto
Nesse largo espaço

Pelo  vazio imóvel
Dos dados

E na loteria do acaso
Emergir no alinhar dos astros.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Atlântico

Oh mar
Faca solar
Hélice rósea
Infinda
Morte e habitat
Traga e retorne
Em tuas arbóreas vagas
Asfixie e congele
Banhe e acalme
Destrue cidades
E molde castelos de areia
Mar, oh largo signo
Não nos faça jamais esquecer
Do Movimento Total

terça-feira, 13 de junho de 2017

Prescrição

O poema hipnótico
Um deja vu
Em cada esquina

O antibiótico
Ante ao utópico
A sina insaciável

Sobre o mundo
A janela é uma porta
Em potencial