sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Gat'alaxia

N'abo
Caelipse
Diztrair
Delíneas
N’um
Entreper
Nas

Sedo
Oltar
Apele
Dou-se
N’uslábios
Entrelados
Dium
Séu

Discorpo
Eão

Porentre
Galaxilas
Partos
Idas
Afro
Dit’me
Jorelhas
Alga
Zarra

Am
Berra
Gat'a:
Uns
Poligodes
Nu’s
Monocoitos
Gosa
Chol
Ke

N”quadri:
Mate-me
Ática
Ant
(r)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Corrida ( parte I: o passageiro )

Com uma pressa irremediável ele entrou no táxi. Pediu ao motorista ofegante que seguisse o horizonte. E assim o fez sem perguntar. Aquela já era sem qualquer comparação a corrida mais longa que o taxista fizera em sua vida. De olhar obsessivo e inquieto, o passageiro era calado. Coçando a alva barba fitava o caminho com uma atenção maior que a do motorista. Quando não sobrou mais gasolina, número que coubesse no taxímetro ou paciência ao piloto, este parou e disparou que não poderia mais seguir. Disse que era noite e que necessitava repousar. Dando-lhe a quantia ordenada, o passageiro saltou do carro, e do jeito que estava continuou seguindo a estrada enquanto o táxi pegava o primeiro retorno. Em passos largos, era a terceira vez que ele passava por aquela esquina como por tantas outras que havia passado. O mundo se repetia, mas o mundo só é redondo para os fracos. E ele permanecia convicto de que estava indo pra casa.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Dos dançarinos do escuro

- Sai dessa, não existe luz nenhuma no fim do túnel. Vê se aprende a dançar no escuro.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Fajro

A gravidade fiel ao magma
Conduz-nos ao âmago da terra
O homem olhando as estrelas
Chamam o chão de inferno
E o impossível de céu.
Blasfêmia!
Eu abraço o chão.
A montanha é o monumento
Da Guerra de todas as guerras
Do Fogo contra o Frio,
Do Ódio contra a Obediência,
Do Amor contra a Morte,
Da Vida contra o Nada.
O plácido e o imparcial são para os fracos
E meu coração pulsa vermelho
Indolente.
Sou filho de Hades!
Na intermitência do Sol
E do centro da Terra
De uma estrela e outra
Sobra a farsa
O frio, o vazio, a mentira!

Febril me desnaturo no teu cruzar de pernas
E me enlouqueço no verão do teu ventre.
Derreto-me.
Sou a ebulição de mim mesmo
Fulminante como a cor dos teus lábios
E a paixão do teu sangue.
Eu sou a lava que corre pelas suas veias.
O calefar das lágrimas.
Eu pulso no limite da força
O nascimento constante.
Eu sou a sífilis.
Filho do fogo e amante da loucura.
A explosão, a luz e o som.
A liberdade indomável
E o orgasmo de uma nova mulher.
Eu sou a cólera, a criação e o caos.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Revolução

O mundo nunca muda.
O que muda são os olhos.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Seiva e raiz

Hei de plantar teus lábios
Irrigarei o solo dos sonhos com suor

E no lapso do tempo
Ver emergir o botão da tua boca
E as tuas coxas feito caule
Frágeis e perfeitas

Nos invernos o orvalho de lágrimas
E o sereno das noites de verão
Os beijos

Te colherei sempre
Com o afinco que te cuidei
Nunca para amputar-te
Mas pra lembrar-me do polém
E da certeza de que um dia já me bastou uma flor
Ao jardim inteiro.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Espectro, eco e eclipse.

Quem sou eu?!... Quem sou eu?!... Quem sou eu!?!...

(Dianto dos ouvidos, o eco)
(Diante dos olhos, o eclipse)
(Diante da boca, a epifania)
(E diante de si:)

A luz é um disfarce do breu.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O abismo e a borboleta azul

Ante a tudo que tive
(O descabimento de nós dois
Coube o mundo em nossas mãos)

Ante a tudo que vi
(Eu contemplava o precipício
Com a certeza de quem voa)

Ante a tudo que fui
(Era um porém dois
E dois no limite do infinito)

Sou o deorama da música sem fim
Que pendura a memória
Como o olho a lágrima.

Não quero e não posso ser
Senão a tua falta.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O oitavo selo

Depois do mártir e da morte, Deus veio como a pedra. E ela disse para o viajante que a vida para os homens é o estado perfeito da teimosia. O viajante era ouvidos. E ele ouviu que as pedras eram a vida em concordância com o Universo, e que os homens lutam pra sobreviver, que acreditam tolamente na existência de um estado além do de viver, que não se pode "sobre-viver". Viver já é. E a pedra, sendo, disse ao viajante que eles tinham um ancestral comum, que o firmamento era a existência, e que tudo existia. Depois de sete revelações e da comunhão com o infinito, o viajante abraçou a pedra. E a pedra chorou.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Meta-

Olhar sobre olhar
Falar sobre falar
Dançar sobre dançar
Flertar sobre flertar

[Você verbaliza o silêncio com os olhos
Mas não há metalinguagem que resista
Quando eu meto minha língua em você
E tu suspiras a linguagem da natureza]

Um orgasmo sobre o outro

Eu
sobre
você.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Literalmente

quanto mais eu sinto a necessidade escrever sobre tudo,
mais eu sei que a palavra é uma farsa.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Esgota

Chorar é verter o espírito
E num desague singelo
Ele disse todo seu amor
Ela secou feito a morte
E no derramar do pranto
O amor se foi pelo ralo.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Deognóstico:

Eu desconheço qualquer atributo de Deus, senão o da paranóia.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Poema à bolonhesa

A verdade é um esboço não levado a sério
O coração rejeitado no relance

No instante do acidente
Ou num acidente instantâneo

E no incidente seguinte reinou o banal
Com sua soberba e luxúria

Microondas
2 minutos...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Abraxas

Teu flerte me furta
Quando não sei se é o gene recessivo dos teus olhos
Ou o próprio olhar subversivo,
Só sei que verto.
Verto-me pelo escorrimão das tuas bochechas
Salinando a tua boca
O gosto dos receios
E no oceano de lágrimas da tua fonte
Eu lambo teus seios
Até me fazer duna
Até a facínora sorte
Chupar toda essa espuma
Que esconde por detrás dos dedos
Nesse martírio que é o teu flerte fingido de pranto
Na blasfemia do santo
Estou na órbita das tuas
E me basta erodir pelo teu dorso
Até conhecer o teu ventre pelo jeito mais fácil
Pela fissura do corpo
E no pouso
O selvagem é um gesto dócil de beleza
Eu morro como que nascendo um mundo
Permanecendo cadente no fundo, no âmago de todas as sinas
Na translação da natureza, meu sêmem na tua vagina.
Teu ventre, a minha certeza.
E depois o silêncio do espaço
A compreensão sideral dos astros
Plácidos como a condição humana
Incondicional ao amor
Incondicional à tudo que emana
Aos olhos de tudo que for.