domingo, 21 de dezembro de 2025

Culto

Em seu repertório
De poluição
A cidade faculta
Ao povo, sua cabeça.

Seguimos entregues
Como oferta
No ritual de nossa cultura
Apócrifa.

Nada escapa
A autofagocitose
Cínica
Do capitalismo.

Toda alma está à venda
Mesmo que não tenha
Quem a compre.




terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Sofá

Iludido pelo tédio, olhava o teto como quem olha para o ceu tentando encontrar uma nuvem que lhe fosse familiar. Mas através do teto, a névoa completa, e através da névoa o céu azul, e atraves da refração da luz na atmosfera, o vazio contornando a distância entre as estrelas, a matéria escura à flor da pele. Suspirou aliviando o universo de ter chegado até ali. E desligou num sopro a dinâmica silenciosa do contínuo. Viveu o presente por um segundo.