Eu vejo um casal de velhos
Não há nada encantador neles
Apenas velhos
Humanos velhos
Que fizeram coisas humanas durante um bom tempo
Que pelo visto se aturaram
A si
E um ao outro
Por muito tempo
Eu vejo apenas o tempo
E seu acúmulo de detritos, de manias
Eu vejo o tempo como uma forma de vício
Um vício inesgotável e insaciável
Que deturpa o espaço-tempo
Que nos empurra como um desejo indecifrável
Feito um espasmo muscular involuntário
E nos entrega os pontos como aqueles velhos que se suportam
E se curvam de tanto peso
E aceitam
Resistindo ao não
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