Estou atrasado.
O ônibus saiu sem me esperar.
Nessa oportunidade impossível de refletir sobre o tempo entre a saída pontual de um ônibus e a previsão da chegada do próximo, eu me ocupo de culpar-me pelo atraso ou pela automação de nossas relações civilizacionais. O mundo disforme das boas intenções é o inferno dos outros. O próximo chegou precisamente, sem esparar pelos atrasos alheios.
Há algo que comove na imobilidade de assistir a paisagem em movimento, em se dar conta do atraso, da recorrência dos dias e das pessoas idosas que não tem lugar pra sentar. Talvez nada seja mais cruel que a educação diante do ponteiro afiado das horas.
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