Estou atrasado.
O ônibus saiu sem me esperar.
Nessa oportunidade impossível de refletir sobre o tempo entre a saída pontual de um ônibus e a previsão da chegada do próximo, eu me ocupo de culpar-me pelo atraso ou pela automação de nossas relações civilizacionais. O mundo disforme das boas intenções é o inferno dos outros. O próximo chegou precisamente, sem esparar pelos atrasos alheios.
Há algo que comove na imobilidade de assistir a paisagem em movimento, em se dar conta do atraso, da recorrência dos dias e das pessoas idosas que não tem lugar pra sentar. Talvez nada seja mais cruel que a educação diante do ponteiro afiado das horas.
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
relíquias
norma
data venia
seja tenia
senil mata
tome a turba de rinocerontes
como exemplo
eles voam sem porquê
como o outro escreve
através de mim
sobre o malabarista do espaço
a brevidade é feita um grito
um filme mudo de pessoas mortas
o arrasto rebubinador
mas os personagens estão intactos
as mentiras não morrem
as mentiras são as mais concretas pedras
flutuantes
{não se sabe do homero
só se sabe de ulisses
aquele ninguém
aquele mendigo que retorna}
e retornamos
como os mares que despencam quando a terra finda
quando pela fenda de teu corpo
eu fecundo
ou por acaso aquela pedra
que instrumenta o impronunciável
no parque idílico, o qual nos domesticamos
as bestas desenham naturezas-mortas
em paredes de cimento
frutas em decomposição
mas se até a pedra apodrece gravitando involuntária pelo espaço,
não dirão o mesmo do sublime.
data venia
seja tenia
senil mata
tome a turba de rinocerontes
como exemplo
eles voam sem porquê
como o outro escreve
através de mim
sobre o malabarista do espaço
a brevidade é feita um grito
um filme mudo de pessoas mortas
o arrasto rebubinador
mas os personagens estão intactos
as mentiras não morrem
as mentiras são as mais concretas pedras
flutuantes
{não se sabe do homero
só se sabe de ulisses
aquele ninguém
aquele mendigo que retorna}
e retornamos
como os mares que despencam quando a terra finda
quando pela fenda de teu corpo
eu fecundo
ou por acaso aquela pedra
que instrumenta o impronunciável
no parque idílico, o qual nos domesticamos
as bestas desenham naturezas-mortas
em paredes de cimento
frutas em decomposição
mas se até a pedra apodrece gravitando involuntária pelo espaço,
não dirão o mesmo do sublime.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
Esopoclastia
Sentido da vida, rapaz?
A fábula acabou. A cigarra trocou de pele, o formigueiro inundou antes do inverno, as vinhas apodreceram e a raposa invadiu o galinheiro.
A moral da história não termina quando acaba.
A fábula acabou. A cigarra trocou de pele, o formigueiro inundou antes do inverno, as vinhas apodreceram e a raposa invadiu o galinheiro.
A moral da história não termina quando acaba.
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Prece apressada
Nasça
Até
Que
Assa
Ouça
O seu
Soluço
Resolva
Essa
Celeuma
Salve
Quem
Puder
Pelo
Imundo
Mundo
Possa
O que
Salvar
Mude
Mudo
Muda
Fele
Até
Que
Fira
Seja
Até
Que
Sele
Doe
Até
Que
Doa
Some
Até
Que
Suma
Até
Que
Assa
Ouça
O seu
Soluço
Resolva
Essa
Celeuma
Salve
Quem
Puder
Pelo
Imundo
Mundo
Possa
O que
Salvar
Mude
Mudo
Muda
Fele
Até
Que
Fira
Seja
Até
Que
Sele
Doe
Até
Que
Doa
Some
Até
Que
Suma
Amendoeira
(Você pega Drummond. Um velhinho tãoo inofensivo. Mas que disse tanta coisa. )
A dimensão da humanidade está nesse lugar entre a forma e o conteúdo. Entre a potência e o retrato, o impulso, que nos leva ao estranhamento dos nossos rostos no espelho.
A dimensão da humanidade está nesse lugar entre a forma e o conteúdo. Entre a potência e o retrato, o impulso, que nos leva ao estranhamento dos nossos rostos no espelho.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
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