do fundo do bar lotado
entre cotovelos brancos
o olhar atilado da mulher
se afixa em sua medula
pausa para o cigarro
*meditação à efemeridade*
ela digita algum sinal
indefinido na maça do rosto
apoiado pelas belas mãos
de unhas pretas
pausa para o cigarro
*meditação à efemeridade*
a mulher não se cansa
e o olhar se mantém
indefectível à sete mesas
e duas doses de distância.
pausa para o cigarro
*meditação à efemeridade*
"mestre, a última e fecha conta!"
"espera, leva isso pra mesa
do fundo na última esquina
do lado da porta de saída"
pausa para o cigarro
*meditação à efemeridade*
ela abre o guardanapo
lê e toma o gole final
o provocante sorriso de soslaio
se prepara para ir embora
pausa para o cigarro
*meditação à efemeridade*
paixão à primeira vista
única e verdadeira,
se soubesse teu nome,
mandava tatuar
pausa para o cigarro
*meditação à efemeridade*
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