O copo está na metade. O corpo também. Mas essa luta contra a própria condição é o que faz do cansaço, virtude. As poucas mulheres deste boteco irradiam alguma aura incompreendida. Cada qual a sua frequência. E já faz um tempo que não passo por aqui. As pernas morenas de uma delas me remetem ao sol da semana passada. Realmente, faz no mínimo alguns meses. O meu humor é condicionado àquelas curvas. Estou cinza como as nuvens que não haviam, e torto feito os tornozelos. Iminentemente triste como a chuva prestes a cair da contramão. No entanto, ela continua imutável por baixo da saia. E mesmo indo às esquinas que nunca fui, abrindo-se à homens que desconheço, ponho-me a fitá-las contemplativamente. A plenitude dessas pernas é um atol de inspiração. Fazem exatos 2 meses e meio que não passo por aqui. Por alguma razão, essas pernas me cantaram parabéns àquela altura. O copo está no fim, o corpo está no fim, e só quero essas pernas pra ter que voltar de algum lugar.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Coragem
O moinho de mim
O movimento
À lufadas de vento
É o meu monstro
O meu tormento
Mas a coragem
Que cintila
De passagem
Na couraça
Do meu peito
O coração refeito
É a sanidade
Pra lutar
Contra o moinho
Em meu alento:
Meditar é a teimosia
De um corcel
À fantasia de jumento,
Porque viver
É crer na mentira
Fundamental:
Sê de inteiro verdade
Pelo caminho
Do irreal.
O movimento
À lufadas de vento
É o meu monstro
O meu tormento
Mas a coragem
Que cintila
De passagem
Na couraça
Do meu peito
O coração refeito
É a sanidade
Pra lutar
Contra o moinho
Em meu alento:
Meditar é a teimosia
De um corcel
À fantasia de jumento,
Porque viver
É crer na mentira
Fundamental:
Sê de inteiro verdade
Pelo caminho
Do irreal.
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Neve
O desejo consumidor
Circula o vento
Esvai-me em sentimento
Um floco inevitável
De você.
Pelo breve segundo,
Um lugar que nunca fui
Em teu você qualquer.
Circula o vento
Esvai-me em sentimento
Um floco inevitável
De você.
Pelo breve segundo,
Um lugar que nunca fui
Em teu você qualquer.
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Bonzai
Não leio
E não devo
O enleio
E o desprezo
Degenerado dos olhos
à arte de todas as gerações
Do último alcance de minha genealogia
Às linhas retas de sílabas contadas
Do organismo que é um câncer controlado,
Um nódulo de arestas podadas
Que cresce à miniatura
De um poema que é um livro
Que eu me livro de escrever
Posto que no arame do que posso
Todo limite é sem-fim
Mesmo o pesar dos que não vêem além dos olhos.
Posto que no arame do que posso
Todo limite é sem-fim
Mesmo o pesar dos que não vêem além dos olhos.
Utilidade
Aquela velha gaveta
Guarda a gaivota de tudo que seria se tivesse a coragem
Ou o talento
E o pseudônimo anônimo que imputaram-no, serve
À chamar-lhe e somente chamar-lhe
Mal sabem que és mais gaivota
Do que todos os móveis que vêem e são úteis em suas formas
Mas útil mesmo é o sutíl.
O útero inútil de uma mulher em menopausa
O apêndice e o ciso.
Todos abrigam a sutileza irreversível do que é.
Guarda a gaivota de tudo que seria se tivesse a coragem
Ou o talento
E o pseudônimo anônimo que imputaram-no, serve
À chamar-lhe e somente chamar-lhe
Mal sabem que és mais gaivota
Do que todos os móveis que vêem e são úteis em suas formas
Mas útil mesmo é o sutíl.
O útero inútil de uma mulher em menopausa
O apêndice e o ciso.
Todos abrigam a sutileza irreversível do que é.
sábado, 10 de agosto de 2013
Metáfora elementar
A consciência
é lua
A vida
é sol
O corpo
é terra
E pairia à poeira do ar
A metáfora elementar
é lua
A vida
é sol
O corpo
é terra
E pairia à poeira do ar
A metáfora elementar
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Entrevista
Numa entrevista
Sem palavras
Nos entendemos
Sem dizer
Inconstante consoante
O doce nome do olhar.
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
"Era bom, mas não era dois."
Era uma vez,
Um homem que era dois,
o suprassumo da 'bondade'
Um ser cabalar
Que cismaram que era três.
No teu lugar
O palito atravessado
Cisca a carne do fundo dos teus dentes
E de repente,
Dá-se a glória do alívio
O buraco está aberto
E nada o encobre, senão o costume em tê-lo vazio.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Na beira do caminho
Na beira do caminho
Tinha um senhor distinto
Igual a todos os outros
Tinha um senhor distinto
Igual a todos os outros
Na beira do caminho
De retinas tão fatigadas
Um senhor distinto
Igual a todos os outros
Passou por mim
Na beira do caminho
E jamais me esqueceu.
Tinha um senhor distinto
Igual a todos os outros
Tinha um senhor distinto
Igual a todos os outros
Na beira do caminho
De retinas tão fatigadas
Um senhor distinto
Igual a todos os outros
Passou por mim
Na beira do caminho
E jamais me esqueceu.
Onde?
A tua importância social
Na insignificância mundial..
Onde foi parar a tua infância?
Na infâmia da etiqueta de um banquete?
No afã insuportável de um boquete?
Na rotina controlada que repete?
Na insignificância mundial..
Onde foi parar a tua infância?
Na infâmia da etiqueta de um banquete?
No afã insuportável de um boquete?
Na rotina controlada que repete?
Reza ao qualquer
Não me interessa teu nome. Não me interessa teu rosto. Não me interessa sequer se lês estas palavras, ou ainda, se sabes ler. Este texto é pra você. Com todo o carinho que houver, feito um ato de fé. Esta intenção sacramentada, te acalmará o pranto, te saciará a fome e, sobretudo, te servirá de inspiração para seguir adiante. Cada entrelinha te acolherá num abraço, e o ponto final lhe será, tão somente, o amor infinito.
domingo, 4 de agosto de 2013
Parágrafo nômade
O infracionável corpo. A imensidão aterradora. Existem pólos inexoráveis que sequer tenho conhecimento. E ainda que a consciência configure razão a claustrofobia, não poderia ser outro senão. A solitária permanente que me acerca, dentro destes membros calejados. Preso convicto. Os maremotos potenciais tramam me abater, e estas belas plantas sugam cruelmente a morte do que foi deixado pra trás. E a beleza intempestuosa de todas essas coisas são apenas o plano de vidro; este painel de possibilidades. Eu caminho em direção ao horizonte rarefeito. A lufada de liberdade é toda violência do devir.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Parábola
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Mas há quem duvide
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Mas há quem duvide
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Mas há quem duvide
Eu atiro.
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide.
Mas há quem duvide.
Franco atirador
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Mas há quem duvide
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Mas há quem duvide
Parece haver um alvo
Mas há quem duvide
Mas há quem duvide
Eu atiro.
Parece haver um alvo
Há menos 1 que duvide.
Há menos 1 que duvide.
Consciência e seiva
Ceifados lírios do jardim
A injusta amputação
A floresta que há em mim
Abriga luz e escuridão
Copabacânica
O apóstrofe dos apóstolos:
"Pai nosso que estás no céu,..."
De rompante e sem roupa interrompem
Profanando o inefável fanatismo
"Pau nosso que estás no seu..."
Cruzam os cus e a cruz
Nas cabanas em Copacabana
Para a ponderar o Papa sem pompa
E o fio dental da mulata que bamba.
"Pai nosso que estás no céu,..."
De rompante e sem roupa interrompem
Profanando o inefável fanatismo
"Pau nosso que estás no seu..."
Cruzam os cus e a cruz
Nas cabanas em Copacabana
Para a ponderar o Papa sem pompa
E o fio dental da mulata que bamba.
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