domingo, 25 de agosto de 2024

O presente

O espaço-tempo

Contorcido

Livre do ter sido

O agora despido

E cheio de si

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Haicai

Praticamente

O mundo é uma merda

Mas toda mosca sabe voar.

domingo, 26 de maio de 2024

Vasos comunicantes

O rio invade, limpando a rua. Calmamente ele sobe. Até que não haja mais a rua. De repente, ele começa a trazer coisas que não eram daquele lugar. E a agua começa a se tornar cada vez mais presente. Ela entra pelas portas. Invade os comodos. Consistentemente subindo. E sem você perceber, tomou o seu quarto. Tomou o seu bairro e a sua cidade. Tomou o seu segredo mais secreto e o diluiu com o entulho. E voce, sem saber nadar, tomou a agua. Tomou-a até que não sobrasse mais espaço vazio. Repleto dela e de todo o resto. O insondável dissolvido em uma única solução.

sábado, 4 de maio de 2024

The branch and the blow

The stick was not there.

The storm or a kid moved it away.

Or slightly the wind.

Or maybe all the effects altogether.

Or I forgot in which tree and each branch.

Or I missed the park.

Or even the park never existed in the first place.

All was part of my obsessive way to build, some kind of meaning out of this deaf society.

Something to grasp in the middle of the storm.

Something to stick with while everything is vanishing slowly in the grains of time.

The grip slowly fades.. the twig once part of a tree sets its own path.. then a toy in a dream... now a shapeless memory transmuted in words.. that no one reads.

sexta-feira, 22 de março de 2024

A poem to pisces

A piece
Drifting
Peacefully
Over the abyss

The Pacific
Suspends
The mirror
Of the whole

Gently sliding
Falling Away
Into darkness
Entropy

In depth
Lurking
Weird fishes
Hungry for flesh.

The branch and the boy

 There's no much pleasure

In these days.

But yet I left a stick on a top of a tree

In a park.

Got there again, 3 weeks after

And there it was.

A special stick, an immaginary magical wand,

The sharpest mythological sword,

The scythe of a god.

A branch from a tree.

Dettached and disguised in its own.

Hiding in the clearest and sober place

A naked tree in the middle of the park

In the center of the obvious chaos.

There it was again.

My gift to myself

My selfless self embodied in

A 4 year old boy.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Lobo branco

Nessa ilha,

Conheci um senhor chinês.

Educado, simples e com um profundo cheiro de fumo. Pensei o quanto aquele homem já contemplou a sua própria solidão enquanto fumava seu cigarro. Sem filtro suponho.

Depois de um breve silêncio, ele compartilhou a tela do seu celular - a tradução do que queria me dizer. 

Sim, meus filhos gostam de cachorro. - respondi em inglês.

Ele buscou então seu "Angel". Não saberia dizer a raça pois não sei nada de cachorros. Mas pra mim, um lobo branco, dócil e doce que uivava quando não via seu dono.

Seu dono, o senhor chinês, vivia 15 anos em um país que não o entendia.

Seu cão passou 15 min sozinho no carro. Uivando em vão. 

No fundo, eles nunca se entenderam. No entanto, não podem viver um sem o outro.


segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Fractal

Revisitar é uma arte impiedosa.

E o céu azul, completamente azul, também é aterrador.

sexta-feira, 28 de abril de 2023

É big é big

7.8 bilhões

De umbigos

Cantando parabéns

"Feliz 13.8 bilhões de anos,

Queridos átomos"


segunda-feira, 3 de abril de 2023

Tratado contra a máquina

Eu paro e me deparo

Com a reminiscência.

Sou feito de sua ciência.

Meu futuro é um anteparo

Que paira sobre a consciência.

E toda semântica que me forjou,

É uma rima ou um remo pra onde vou.

Uma palavra, um centímetro, um algoritmo a mais.

Mas eu deixo migalhas por onde passo.

Reminiscências perdidas, 

Lágrimas na chuva,

Irreplicáveis.


Eu paro e me deparo

Que a hermenêutica máxima, a prepotência

É incapaz de lidar com o despropósito.

Sou, acima se tudo, o vazio que não percebi e a fantástica potência que ousei deixar pelo caminho..

Sou acima de tudo, ignorante, incapaz e incompleto apesar de nunca artificial.




   

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Oportuno

Abriu-se ela,

A brecha

E por ela foi

Quase sem caber

E como não sabia

O que havia

Se viu seguindo

Por osmose 

Todo espaço raso

Fez profundo

E em cada segundo

Um infinito

O primeiro

E o segundo

E cego seguiu

Atravessando

Até que não sobrasse

O que saber

Seguindo o fio

E restasse apenas

O que já sabia

O abraço óbvio

Da claustrofobia.




sábado, 24 de setembro de 2022

Sinal verde

A procissão de carros

E o retorcido aço

O zumbido da ambulância

O ambulante 

Sob o indiferente sinal

Corpos abraçados

Desfigurados

E um menor abandonado

O biscoito é 1 real

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Comunhão

Na escuridão completa,


Ouço sons insondáveis,

Impossíveis, 

O som da sobrevivência

Sapos férteis,

Insetos sibilantes,

Presas livres

Pássaros a espreita,

Seres primos,

E plantas à esperança da luz.


Eu olho as estrelas

Há anos-luz.

Assisto ao passado,

Astros primos.


Na escuridão,

Em plena comunhão

O céu e o abismo.

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Reflexo

Aceito todos os cookies.

Despido sobre a vigilância dos robôs

E suas taras numéricas exponenciais, 

emulo alguém inexorável.

Sigo em plena competição com a esfinge.

Limito-me a ser, apenas o possível, um paradoxo possível:

Um cookie envenenado.


Melhores



Miragens,

Milhares delas espalhadas

Pelas memórias

Pelas melhores memórias

As mulheres

Pelas melhores mulheres

Os milésimos

Os melhores milésimos

Momentos mínimos

No entanto, os melhores

E contudo, miragens.