terça-feira, 29 de julho de 2025

LA

Descrita
Pelo fuso
O dia resta claro
Enquanto o mundo descansa.

Não sabem lidar
Com tanto sol
E tanta ausência 
de nuvem

Azul brutal
O céu Pacífico.

Aqui é como quando
Um espaço-tempo
Livre de temporais
Mas de eventuais
Tornados de fogo.

Coiotes
E tubarões-branco

Um refugio de sonhos insônes
E pesadelos à luz do dia
Cidade dos anjos
Caídos com fome no Skid Row
Lapidados na calçada da fama

O sol emplaca o soul
Tem um swag no swing
Da brisa na sombra
Asfalto e aço forjam
A promessa do rock n roll

Cigarretes
& Butterflies
In Mulholand
Drive


terça-feira, 22 de julho de 2025

Obituário

Morte -

Face bruta da saudade -

Lenta ou súbita -

Sempre um corte -

O despertar

Do sonho da realidade -

Remissão

Sem remetente

Destino

Sem destinatário -

Somos discípulos do ausente

In memoriam do inevitável.


quarta-feira, 2 de abril de 2025

O rio mítico

Permito
Um novo destino aparente
Sem entrar em contradição.

Uma certa envergadura moral
Necessária
Pra ver até onde a vida possível
Pode me levar.

Mas sigo no mesmo no contexto,
Apenas vejo se desdobrar
O que sempre havia sido
Latente e necessário.

Mas que nunca havia
Percebido.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Espresso

Procuro uma maquina de fazer espresso
Dessas que não se encontra em qualquer lugar
Robusta, de aço inox mas também que me inspire
Que eu possa moer meu café na hora
Que eu possa sentir a ilusão de estar em algum lugar muito longe da necessidade de estar atento
Um lugar que não me atropele
Que não me exija o raciocinio que somente uma boa máquina de fazer espresso pode me proporcionar
Preciso dela mais que tudo
Num bom preço, frete gratis
Mas sobretudo com entrega imediata
Preciso dela antes que eu me esqueça
Do que verdadeiramente eu quero
Antes que eu me lembre
O que eu quero de verdade
Antes que eu me esqueça
Ou que esqueçam de mim.

domingo, 27 de outubro de 2024

Datilografia

A planta baixa

O plano

O imóvel

E a inflação

O papel no cartório

A carteira

E o velório

A caneta

E a rubrica

Tudo circunscrito

E detalhado

Tudo se explica


O procurador

O crime

E o julgado

O ofício

Datilografado:

Papéis

Físicos ou digitalizados

Jamais capazes

De explicar

O inexplicado


Enquanto isso,

Lá fora os coiotes

Uivam de fome.

domingo, 25 de agosto de 2024

O presente

O espaço-tempo

Contorcido

Livre do ter sido

O agora despido

E cheio de si

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Haicai

Praticamente

O mundo é uma merda

Mas toda mosca sabe voar.

domingo, 26 de maio de 2024

Vasos comunicantes

O rio invade, limpando a rua. Calmamente ele sobe. Até que não haja mais a rua. De repente, ele começa a trazer coisas que não eram daquele lugar. E a agua começa a se tornar cada vez mais presente. Ela entra pelas portas. Invade os comodos. Consistentemente subindo. E sem você perceber, tomou o seu quarto. Tomou o seu bairro e a sua cidade. Tomou o seu segredo mais secreto e o diluiu com o entulho. E voce, sem saber nadar, tomou a agua. Tomou-a até que não sobrasse mais espaço vazio. Repleto dela e de todo o resto. O insondável dissolvido em uma única solução.

sábado, 4 de maio de 2024

The branch and the blow

The stick was not there.

The storm or a kid moved it away.

Or slightly the wind.

Or maybe all the effects altogether.

Or I forgot in which tree and each branch.

Or I missed the park.

Or even the park never existed in the first place.

All was part of my obsessive way to build, some kind of meaning out of this deaf society.

Something to grasp in the middle of the storm.

Something to stick with while everything is vanishing slowly in the grains of time.

The grip slowly fades.. the twig once part of a tree sets its own path.. then a toy in a dream... now a shapeless memory transmuted in words.. that no one reads.

sexta-feira, 22 de março de 2024

A poem to pisces

A piece
Drifting
Peacefully
Over the abyss

The Pacific
Suspends
The mirror
Of the whole

Gently sliding
Falling Away
Into darkness
Entropy

In depth
Lurking
Weird fishes
Hungry for flesh.

The branch and the boy

 There's no much pleasure

In these days.

But yet I left a stick on a top of a tree

In a park.

Got there again, 3 weeks after

And there it was.

A special stick, an immaginary magical wand,

The sharpest mythological sword,

The scythe of a god.

A branch from a tree.

Dettached and disguised in its own.

Hiding in the clearest and sober place

A naked tree in the middle of the park

In the center of the obvious chaos.

There it was again.

My gift to myself

My selfless self embodied in

A 4 year old boy.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Lobo branco

Nessa ilha,

Conheci um senhor chinês.

Educado, simples e com um profundo cheiro de fumo. Pensei o quanto aquele homem já contemplou a sua própria solidão enquanto fumava seu cigarro. Sem filtro suponho.

Depois de um breve silêncio, ele compartilhou a tela do seu celular - a tradução do que queria me dizer. 

Sim, meus filhos gostam de cachorro. - respondi em inglês.

Ele buscou então seu "Angel". Não saberia dizer a raça pois não sei nada de cachorros. Mas pra mim, um lobo branco, dócil e doce que uivava quando não via seu dono.

Seu dono, o senhor chinês, vivia 15 anos em um país que não o entendia.

Seu cão passou 15 min sozinho no carro. Uivando em vão. 

No fundo, eles nunca se entenderam. No entanto, não podem viver um sem o outro.


segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Fractal

Revisitar é uma arte impiedosa.

E o céu azul, completamente azul, também é aterrador.

sexta-feira, 28 de abril de 2023

É big é big

7.8 bilhões

De umbigos

Cantando parabéns

"Feliz 13.8 bilhões de anos,

Queridos átomos"


segunda-feira, 3 de abril de 2023

Tratado contra a máquina

Eu paro e me deparo

Com a reminiscência.

Sou feito de sua ciência.

Meu futuro é um anteparo

Que paira sobre a consciência.

E toda semântica que me forjou,

É uma rima ou um remo pra onde vou.

Uma palavra, um centímetro, um algoritmo a mais.

Mas eu deixo migalhas por onde passo.

Reminiscências perdidas, 

Lágrimas na chuva,

Irreplicáveis.


Eu paro e me deparo

Que a hermenêutica máxima, a prepotência

É incapaz de lidar com o despropósito.

Sou, acima se tudo, o vazio que não percebi e a fantástica potência que ousei deixar pelo caminho..

Sou acima de tudo, ignorante, incapaz e incompleto apesar de nunca artificial.